Brachycephalus rotenbergae mostra seu comportamento defensivo de boca aberta – Foto –  Nunes et al, 2021, PLOS ONE

Uma nova espécie de sapo-pingo-de-ouro (Brachycephalus rotenbergae), capaz de brilhar quando exposta à luz fluorescente, foi descoberta por pesquisadores brasileiros, que coletaram mais de 276 anfíbios durante um trabalho de campo em uma região de Mata Atlântica ao sul da Serra da Mantiqueira, em São Paulo. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica PLOS ONE, na última quarta-feira (28).

Sapos-pingo-de-ouro são um grupo de espécies de tamanho minúsculo (menos de 16 milímetros), sendo que a maioria é  pequena o suficiente para caber em uma unha. Apesar disso, eles são muito venenosos e perigosos. Até então, 36 deles tinham sido descobertos, mas classificá-los nem sempre é fácil.

Os pesquisadores às vezes discordam sobre a quais espécies uma determinada população  deve ser atribuída. Isso porque diferentes populações têm características e até composição genética similares. Desta vez, os profissionais usaram uma abordagem integrada, que envolve estudo de genes, anatomia, história natural e até a observação do ruído dos sapos.

A nova espécie de sapo iluminada por uma lanterna UV (Foto: Nunes et al, 2021, PLOS ONE)
A nova espécie de sapo iluminada por uma lanterna UV (Foto: Nunes et al, 2021, PLOS ONE)

Durante os anos de 2017 a 2019, os especialistas coletaram os sapos utilizando luz fluorescente para localizar as minúsculas criaturas. Então, os anfíbios foram levados até um laboratório, onde foram feitos vários testes para identificar as espécies, como exames de DNA.

Ao compararem a nova espécie com as demais, eles perceberam que B. rotenbergae é extremamente venenoso, assim como seus familiares. Entretanto, o novo sapinho pingo-de-ouro apresenta manchas escuras em sua cabeça e é ligeiramente menor do que os outros. Ele se difere dos demais anfíbios do grupo em cerca de 3%, estimam os autores.

Além disso, o B. rotenbergae brilha sob luz ultravioleta, mas a explicação para isso não está clara. “Há uma ideia de que a fluorescência atua como sinais para parceiros em potencial, para sinalizar algo a machos rivais ou algum outro papel biológico”, aponta Ivan Nunes, herpetólogo líder do estudo, em entrevista à Smithsonian Magazine.

Um macho da nova espécie Brachycephalus ephippium (Foto: Nunes et al, 2021, PLOS ONE)
Um macho da nova espécie Brachycephalus ephippium (Foto: Nunes et al, 2021, PLOS ONE)

Ainda segundo o pesquisador, o novo integrante não é o último sapo-pingo-de-ouro que será identificado. “Temos muitas espécies crípticas [quase indistinguíveis] a serem descobertas”, diz ele, ao acrescentar que muito provavelmente esses animais desconhecidos estão atualmente vivendo em florestas do Brasil.

O sapo B. rotenbergae não está propenso à extinção e vive em uma Área Protegida de São Francisco Xavier, no interior de São Paulo. Entretanto, esse sapo sofre ameaça de javalis, que fuçam e destroem o solo da região, danificando o habitat desses anfíbios. Os pesquisadores planejam ainda investigar como uma espécie pode estar comprometendo a outra.

Pesquisadores brasileiros encontraram uma nova espécie de sapo-abóbora (Foto: Nunes et al, 2021, PLOS ONE)

Pesquisadores brasileiros encontraram uma nova espécie de sapo-abóbora (Foto: Nunes et al, 2021, PLOS ONE)

Fonte – Revista Galileu via Globo.com