Reportagem Especial -Rogério Tortola/ Especial Gazeta do Cerrado
Pouco mais de um mês (42 dias) depois que a Infoway assumiu a gestão de atendimento do PlanSaúde, a Gazeta do Cerrado foi ouvir os usuários do plano para saber o que mudou. A Infoway além de fazer a ponte entre o usuário e os prestadores de serviço também deve fazer a regulação de serviços, triagem e perícias. Este pacote foi contratado por 8 milhões ao ano.
Ponto de vista dos usuários
O João Vilar Barros Fonseca veio de Cristalândia com o pai, o seu José Antônio da silva Fonseca, 60 anos, em busca de atendimento aqui na capital e reclamam da falta de especialistas. “pneumologista e neurologista, por exemplo, são especialidades que não conseguimos atendimento pelo plano”, reclama João.
A funcionária pública, Cléo Guimarães, também tem encontrado dificuldades para encontrar vaga para atendimento com endocrinologista, psicólogo e nutricionistas. “É difícil achar profissionais que atendem estas especializadas, os que achei só tem vaga para janeiro ou fevereiro de 2019”, conta Cléo.
Sisepe
A dificuldade no atendimento atinge a todos, no dia em que esta reportagem procurou o presidente do SISEPE – Sindicato dos Servidores Públicos no Estado do Tocantins, Cleiton Pinheiro, ele nos relatou a dificuldade que encontrou para conseguir um profissional para atender uma pessoa de sua família.
Cleiton acredita numa melhoria com a mudança, “melhorou o atendimento, diminuiu a burocracia, autorizações de procedimentos são mais rápidas e as questões que envolvem materiais também”, relata o presidente do SISEPE.
Bico do Papagaio
Por outro lado existem ainda alguns gargalos, “na região do Bico do Papagaio é preciso resolver a questão da rede, já que a maioria dos atendimentos são feitos por profissionais de Imperatriz – MA e isso ainda não foi resolvido”, explica Cleiton.
Sul do Estado
Em Gurupi o presidente diz que também é preciso melhorar a rede de credenciados. “Gurupi é outro gargalo que temos também em relação a falta de especialistas” complementa o presidente.
O presidente acredita que é preciso rever a forma de contratação, “espero que o Governo faça a reavaliação do Plansaúde, eles querem pagar o mesmo valor para clínico geral e para especialistas, assim eles não vão querer”, conclui Cleiton.
PlanSaúde em números
Tipos de atendimentos Setembro Outubro Total
Consultas eletivas 9.713 9.300 19.013
Consultas de urgência 6.982 4.693 11.675
Exames 85.565 84.099 169.664
Guias SP/SADT 421 314 735
Internação urgência 453 372 825
Internação eletiva 55 49 104
Terapias 3.994 7.205 11.199
Total 107.183 98.827 206.010
Rede credenciada
Araguaína Palmas Gurupi
28 Prestadores 41 prestadores 24 prestadores
Corpo Clínico Atualizado
Araguaína Palmas Gurupi
201 profissionais 147 profissionais 42 profissionais
O outro lado
Para quem lida direto com a Infoway este foi um mês de muito trabalho, Gazeta do Cerrado conversou com alguns faturistas, pessoas responsáveis, principalmente, pelos processos de cobrança, eles preferiram não se identificar, mas relataram algumas dificuldades.
Aprovações de procedimentos eletivos estão demorando de 7 a 21 dias, anteriormente em dois dias era aprovado.
A auditoria dos processos também tende a demorar mais que o normal, uma vez que os auditores foram contratados por seis horas, ao invés de oito como anteriormente.
O envio das faturas este mês também apresentou problemas, segundo os entrevistados, demorando mais eu o normal.
Contudo todos entendem que por ser um mês de transição estes processos devem melhorar e ainda relatam a boa vontade de todos os envolvidos em resolver os problemas que vão sendo sanados paulatinamente.
Secad
Para Edson Cabral, subsecretário de saúde do Estado, o Plansaúde vem aos poucos retomando sua credibilidade ao manter os pagamentos em dia. Com relação aos problemas ele acredita que o processo de transição deve durar mais alguns meses e que até o final do ano tudo deve estar mais tranquilo.
O subsecretário de saúde do Estado, explicou que está em busca de uma solução para o Hospital São Rafael de Imperatriz e também de ampliar a rede de credenciados na região.
Em relação a Goiás e Distrito Federal, Cabral disse que quer adotar a mesma medida, “já estamos pegando documentos dos hospitais desses estados para fazer os novos contratos com o Plansaúde”, explicou.
Já a ampliação da rede credenciada, a secretária tem como trunfo o volume de serviços, a demanda, o que compensaria os baixos valores que não sofrem reajustes há 14 anos, desde quando foi criado o plano.
“São 90 mil vidas, acredita-se que 75% a 80% dos serviços atendidos por planos de saúde por aqui são prestados a usuários do PlanSaúde”, diz Cabral.
Todos ganham
Para o subsecretário a manutenção do plano é de interesse de todos, tanto para o mercado, quanto para Estado. O Sistema de saúde não suportaria se todos os usuários do plano buscassem a rede pública.
Ele ainda destaca que o usuário precisa entender que o plano precisa ser sustentável, queremos ter a melhor rede de oferta que podemos pagar. Ele chama atenção para o valor médio pago, em média, pelos beneficiários de R$ 300,00 e tem uma contra partida do governo no mesmo valor, gerando uma receita média de R$ 18 milhões.
Para o médico Valter Machado de Castro Filho, proprietário de um dos maiores hospitais da capital, é preciso chegar a um consenso. ”A falta de reajuste impacta, é preciso sentarmos e chegarmos a um senso comum e que esteja bom pra todos, do jeito que tá fica difícil”, avalia o médico.
Melhorias
Uma das ideias que podem ser desenvolvidas, após estudos segundo Cabral, é oferecer categorias diferentes para os usuários, permitindo ao usuário escolher se quer receber mais serviços e claro pagando mais por isso também.
*com dados da Secad
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