Policiais alegaram que Jaimeson Alves da Rocha resistiu à abordagem, mas testemunhas afirmaram ter visto o jovem rendido, com as mãos para cima. Operação da Polícia Civil cumpriu 14 mandados de busca e apreensão em Palmas.

 

Os cinco policiais militares (PMs) e o guarda metropolitano, suspeitos de executar Jaimeson Alves da Rocha e de forjar uma troca de tiros para encobrir a ação, vigiaram os passos e rotina dele por pelo menos nove dias antes do crime. Segundo a investigação, o monitoramento era feito através do acesso às câmeras de segurança da Prefeitura de Palmas.

 

Os PMs são integrantes da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitana (Rotam). Eles e o guarda metropolitano foram alvos de 14 mandados de busca e apreensão nesta terça-feira (15), na operação da Polícia Civil que investiga a morte de Jaimeson após suposta resistência a uma abordagem policial em 18 de junho deste ano, no Jardim Aureny III, em Palmas.

 

A Polícia Militar afirmou que colaborou com o cumprimento dos mandados e acompanhou o cumprimento da ordem judicial, com um oficial presente em todos os locais que foram alvos da operação. Por meio de nota, lamentou o pedido do delegado que preside o inquérito da busca e apreensão nas dependências do quartel, pois as armas e os depoimentos dos policiais foram colhidos no ato da apresentação da ocorrência na delegacia. (Veja íntegra ao final da reportagem).

 

A prefeitura de Palmas informou em nota que está colaborando com a Polícia Civil no caso do suposto envolvimento de um agente da Guarda Metropolitana, mas que não teve acesso à íntegra dos autos. “Sendo confirmada a participação do agente, a pasta tomará todas as medidas cabíveis para apurar possíveis desvios de conduta e aplicar as sanções dentro do que determina a legislação”, afirma (veja nota completa abaixo).

 

Conforme apurado pela 1ª Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP – Palmas), o relato de testemunhas, imagens de câmeras de segurança de estabelecimentos próximos à oficina mecânica e até mesmo a estrutura do local, refutam a versão dos políciais investigados.

 

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, as evidências apontam para um crime de execução e não para uma morte em decorrência de confronto, denominada “morte por intervenção de agente do Estado”, conforme a narrativa dos militares.

 

Foi apurado durante a investigação que Jaimeson estava sendo monitorado pelos policiais, com o apoio do guarda metropolitano, há pelo menos nove dias antes de ser morto.

 

Caso investigado aconteceu em junho de 2024, no Aureny III, região sul de Palmas — Foto: Divulgação/Kaliton Mota/TV Anhanguera

 

Câmeras refutam versão dos investigados

 

Na versão dos PMs, Jaimeson foi abordado porque havia um mandado de prisão em aberto contra ele e, ao perceber a aproximação da viatura da Rotam, Jaimeson mudou de trajeto, entrando na oficina com intuito de se esconder.

 

Sobre a abordagem, os investigados disseram que Jaimeson estava no fundo do estabelecimento, de costas para os policiais. Ele teria ignorado a ordem para virar-se de frente e se negado a erguer as mãos para o alto em sinal de rendição. Depois, de forma repentina, Jaimeson se virou e atirou contra os militares, que revidaram. Entretanto, segundo a DHPP, câmeras de segurança de um comércio vizinho mostram o guarda metropolitano e um dos PMs investigados passando em frente ao local momentos antes do crime em carros sem identificação da polícia.

 

(Fonte: g1 Tocantins)