Brener Nunes – Gazeta do Cerrado

Pais de alunos, moradores e vereadores de Tocantínia, na região central do Estado, questionaram o fim do ano letivo na rede municipal de Educação na cidade após a Gazeta do Cerrado publicar uma matéria sobre o assunto no último dia 8 deste mês.

Em conversa com um professor do município, durante o primeiro bimestre não foram lecionadas algumas disciplinas como História, Geografia, Expressão Corporal e outras matérias.

“Estas disciplinas não foram dadas e também não foram repostas. Ao invés do município seguir o calendário escolar do Estado, eles criaram um próprio”, revelou o docente.

O professor contou ainda que a gestão colocou dispersos sábados como letivos, mas nenhum repôs as disciplinas que faltavam.

“Temos cerca de 160 alunos, nem 20 iam à escolas aos sábados e nunca eram aulas com conteúdo, era apenas alguma atividade”, contou.

Conforme informações do professor, o Conselho de Educação do Estado, teve conhecimento da situação a partir da matéria da Gazeta, porém, apenas pediram para os professores assinassem as frequências como se as disciplinas tivessem sido ministraras.

“Alunos da zona rural e indígena ficaram sem aula por bastante tempo. Alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) estavam sem merenda”, esclareceu.

O docente explica o motivo da falta de disciplinas específicas. Segundo ele, em 2018, após o concurso do município, alguns professores tomaram posse, mas com carga horária de 20 horas.

Algumas unidades educacionais da cidade são de tempo integral. Porém, a gestão não quis dobrar, nem pagar a carga horária de 40 horas, assim, os professores ministravam aulas apenas no período da manhã.

“Assim, os alunos ficavam sem aula no período vespertino, comprometendo a grade curricular, e os prejudicando”, destacou o professor.

Divulgação

Orcimar Amorim que é pai de aluno, contou à Gazeta do Cerrado que desde o dia 22 novembro, não houve mais aulas no município.

Conforme Orcimar, é triste ver que alunos chegam ao 6º ano sem estarem alfabetizados corretamente.

“Eu sou professor da rede estadual. Fico muito muito triste quando recebemos estes aluno no 6º ano. Muitos ainda não alfabetizados. Não tem noções matemáticas mínimas”.

Entenda o caso

O vereador Hélio Ferreira Machado entrou com um requerimento solicitando explicações da Secretaria Municipal de Educação e da Prefeitura, sobre o encerramento precoce do ano letivo.

Segundo informações apuradas pela Gazeta, o requerimento foi rejeitado na Câmara da cidade pelos vereadores que compõem a base do prefeito Manoel Silvino.

Votaram contra os vereadores: Sérgio Caldeira, Afonso Tavares, Valci, Xerente, Raimundo Cascu, Cimar, Pedro Chulé. Somente o autor do requerimento votou a favor.

Conforme o documento, o vereador solicita informações ao secretário de Educação sobre o “porquê do término das aulas já no mês de novembro, sobre a quantidade de aulas de reposição dos finais de semana que foram em torno de 14 e mais dois feriados, sendo que essas aulas não são bem aproveitados por todos pelo baixo índice de presença e sobre a falta de aplicação de algumas matérias como: geografia, história e matérias diversificadas na grade de aulas no período de fevereiro e abril do corrente ano, informar também se o município de um calendário escolar próprio ou segue o do Estado”, diz o requerimento.

Conforme informações, as aulas da escola municipal teve início em fevereiro, sendo que, o calendário estadual iniciou em 21 de janeiro, e encerra apenas dia 20 de dezembro.

O outro lado

A Gazeta tenta contato com a Prefeitura de Tocantínia, com a Secretaria Municipal de Educação, com o secretário de Educação, André Gouveia, e com membro do Conselho Estadual de Educação, Osvaldo Soares, mas até o fechamento desta matéria não houve resposta das ligações, nem mensagens de texto.