Em 1986, uma técnica chamada “impressão genética” foi usada pela primeira vez em uma investigação criminal, quando um geneticista chamado Alec Jeffreys percebeu que quando o DNA era extraído de células e anexado a filme fotográfico, ele se desenvolvia em uma sequência de barras que podiam identificar de forma exclusiva alguém. Sua descoberta acidental ajudou a determinar o suspeito do assassinato de Dawn Ashworth, de 15 anos. Desde então, para o bem e para o mal, o DNA se tornou o padrão máximo de prova que levou a milhares de condenações.
Trinta anos depois, uma investigação holandesa em cima do assassinato de Nicky Verstappen, de 11 anos de idade, em 1998, levou o teste forense de DNA a um extremo. Para resolver um caso arquivado, a polícia pediu que 21.500 homens na área da fronteira da Alemanha com a Holanda participassem de uma enorme caça DNA. A esperança é de que a triagem em massa possa identificar um parente do assassino, cujo DNA seria uma combinação próxima.
Verstappen foi encontrado morto na região de Brunssummerheide, durante um acampamento de verão em 1998. Funcionários do governo há muito tempo suspeitavam que o assassino vinha dessa área, pelo local em que o corpo foi encontrado. Mas quando as pistas começaram a desaparecer gradativamente, o caso morreu, até que uma equipe de caso arquivado começou a revisitar a investigação cinco anos atrás, esperando que tecnologias modernas ajudassem a resolver o crime.
Novas técnicas, por exemplo, permitiram a cientistas identificar o DNA encontrado no corpo e nas roupas de Verstappen. A esperança é de que testar homens com idade entre 18 e 75 anos de idade que vivem próximos da região de Brunssumerheide possa resultar em pistas novas, caso consigam identificar um parente do assassino.
A polícia holandesa já usou tais investigações de parente mais próximo para solucionar casos arquivados anteriormente. Mas a prova de DNA, embora às vezes capaz de resolver mistérios difíceis de se desvendar, também pode se tornar problemática quando é tratada impropriamente, resultando, às vezes, em falsas condenações.
Testes de DNA em massa são uma abordagem incomum para solucionar um crime, apesar de avanços recentes em genética forense, em parte por causa dos recursos intensos que exige. Triagens de DNA também são normalmente melhor sucedidas quando a polícia consegue estreitar o foco para grupos menores.
Na Holanda, um juiz aprovou a triagem. O teste de DNA em massa começou na semana passada, com mais de mil homens comparecendo no primeiro dia para ter amostras tomadas. Provavelmente, a coleta continuará ao longo de março. Segundo a polícia, processar todos esses dados provavelmente levará quase um ano.
Testes em massa já aconteceram anteriormente, incluindo um com 500 professores e estudantesem um caso de estupro de 2014, na França, e um com 800 homens em outro caso de assassinato, no Reino Unido, em 1998. No caso do assassinato de Dawn Ashworth, em 1986, a polícia testou quatro mil homens em Leicestershire antes do estuprador e assassino da vítima ser capturado, depois de colocar outro homem para fazer o teste de DNA por ele. Na Alemanha, um homem admitiu matar uma criança depois de 16.400 pessoas serem testadas e seu DNA ter combinado com a evidência encontrada na cena do crime. A escala da caça DNA na Holanda pode ser a maior já vista.
Embora o teste seja normalmente voluntário, ele segue sendo controverso, especialmente nos Estados Unidos. Testes podem ser coercivos, defendem alguns, já que, se você se negar a fazê-los, isso soa suspeito.
Na Holanda, no entanto, a polícia está otimista — o teste de DNA em massa, dizem eles, pode ser a única esperança de solucionar este crime.