A Polícia Civil do Tocantins realizou, nesta sexta-feira, 4, uma perícia em uma cerâmica localizada em Guaraí, região centro-norte do estado. A investigação busca esclarecer o desaparecimento de Míria Mendes Sousa Lima, que sumiu em agosto de 2023, aos 19 anos. O local periciado pertence ao principal suspeito do caso, um homem de 52 anos, que era ex-companheiro da vítima e foi preso preventivamente em março deste ano durante a Operação Déjà-vu.
Segundo o delegado Antonione Vandré de Araújo, as investigações indicam que o corpo de Míria pode ter sido incinerado nas fornalhas da cerâmica.
“A Polícia Civil já recebeu informações fidedignas de que o corpo de Míria teria sido jogado pelo suspeito na fornalha da cerâmica. No entanto, até o momento, todos os informantes, que relataram essa possibilidade, se recusaram a formalizar suas declarações ou a informar suas respectivas identidades, relatando intenso temor em relação à periculosidade do investigado”, afirmou o delegado.
O suspeito foi preso preventivamente sob acusações de feminicídio e ocultação de cadáver. De acordo com o delegado Joelberth Nunes, a perícia é essencial para esclarecer versões contraditórias fornecidas pelo homem durante os depoimentos.
“Mesmo diante de inúmeros indícios de autoria, ele insiste em negar qualquer envolvimento no desaparecimento da vítima”, disse Nunes.
No decorrer da investigação, o suspeito forneceu diferentes versões sobre o desaparecimento de Míria. Inicialmente, ele afirmou que a jovem teria deixado a casa onde viviam no dia 18 de agosto de 2023, após um surto psicótico e um suposto desentendimento com uma funcionária da residência.
Contudo, a funcionária negou qualquer desentendimento com Míria e afirmou que jamais teve qualquer tipo de conflito com a jovem durante o período em que trabalhou na casa.
Além disso, a mãe de Míria registrou um boletim de ocorrência após perder contato com a filha no dia 21 de agosto de 2023, quando ocorreu sua última atividade conhecida nas redes sociais.
As contradições se estendem para outras versões fornecidas pelo suspeito, que alegou que Míria teria ido para Goiânia com outro homem. Porém, a polícia não encontrou evidências que sustentem essa hipótese.
O histórico de violência do investigado é extenso. A Operação Déjà-vu revelou que o homem já havia empurrado Míria de um veículo em movimento meses antes de seu desaparecimento. Além disso, ele teria repetido o mesmo ato com outra ex-companheira na região do Bico do Papagaio.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o suspeito possui registros de crimes de extrema violência física e psicológica contra ao menos outras duas ex-companheiras, sendo que uma delas relatou ter sido torturada pelo investigado.
“Míria, portanto, teria sido a terceira vítima do investigado. O nome da operação remete à repetição de atos violentos e a uma constante vivência de terror por parte das vítimas do investigado, evidenciando um padrão de violência de gênero que se perpetua ao longo do tempo contra diversas mulheres com quem o investigado se relacionou”, informou a SSP durante a prisão do suspeito.
A Polícia Civil segue realizando diligências para apurar os fatos e encontrar novas evidências que possam esclarecer o desaparecimento de Míria. As autoridades esperam que a perícia nas fornalhas da cerâmica possa fornecer provas concretas sobre o que aconteceu com a jovem.
O suspeito permanece preso preventivamente, aguardando a conclusão do inquérito e da instrução processual penal.