
Durante a reinauguração da Praça das Bandeiras, em Araguaína, na noite desta sexta-feira (10), o prefeito Wagner Rodrigues (União Brasil) comentou sobre a crise financeira que tem afetado municípios tocantinenses e admitiu que a situação também começa a impactar as contas da maior cidade do interior do estado. Apesar disso, garantiu que as entregas de obras continuam, embora com atenção redobrada às finanças públicas.
“Nós também estamos com dificuldade. Ora ou outra a gente precisa esperar um dia, dois dias, para conseguir fechar a folha. Isso é um reflexo nacional. Há uma queda real na receita, o nosso FPM está menor”, afirmou o prefeito, citando ainda preocupações com a reforma tributária e as mudanças na arrecadação do ICMS, que, segundo ele, têm afetado diretamente os cofres municipais.
Wagner disse acreditar em uma melhora gradual no diálogo entre os municípios e o governo estadual, especialmente após a recente mudança de comando no Palácio Araguaia. “Vejo uma tendência melhor de ajuda aos municípios, e isso é necessário, porque todos estão passando por muita dificuldade”, avaliou.
O prefeito ressaltou que Araguaína tem conseguido manter obras e serviços em dia graças ao apoio da bancada federal tocantinense, responsável, segundo ele, por destinar recursos essenciais para a saúde pública, área que mais pressiona o orçamento municipal.
“A bancada federal tem sido essencial. O que eu não compreendo é termos R$ 240 milhões em emendas para os deputados estaduais e não haver obrigatoriedade de destinar ao menos 50% para custeio da saúde. Dependemos quase exclusivamente dos federais”, criticou.
Questionado sobre a relação com o governador interino Laurez Moreira (PDT), Wagner afirmou que mantém um bom diálogo institucional, com avanços em pautas históricas de Araguaína, como a duplicação da TO-222 nos trechos de acesso a Chambioá e Boa Vassulândia.
“Temos abertura de diálogo, isso é fato. Temos boas sinalizações de apoio a obras importantes. Mas deixo claro: meu compromisso político é com a senadora Dorinha Seabra (União Brasil). Isso não muda, não tem alteração. O Ronaldo [Dimas] e outros tomaram suas decisões, e eu respeito, mas o meu lado é o da Dorinha”, reforçou.
O prefeito também disse que sua relação com o novo governo estadual é “estritamente institucional” e que, politicamente, mantém as mesmas convicções partidárias.
Ao ser questionado sobre a instabilidade política no Tocantins marcada pelo afastamento do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) e a posse de Laurez Moreira como interino, Wagner foi categórico:
“É ruim, péssima para falar a verdade. Instabilidade nunca é boa. Diante de tudo o que acompanhamos, acho muito difícil haver recondução. Os fatos são muito graves, muito contundentes, e envergonham todos nós. Espero que tenhamos algo diferente daqui pra frente”, afirmou.
Wagner não descartou a possibilidade de promover cortes ou ajustes administrativos nos próximos meses, caso a queda na arrecadação persista até o fechamento do exercício fiscal.
“Vou aguardar mais 30 ou 40 dias para analisar o fechamento do ano e o cumprimento dos índices. Os piores fatores para o gestor são os que comprometem o encerramento do exercício financeiro. Dependendo do impacto, especialmente no índice da educação, poderemos fazer ajustes. Ainda estamos avaliando”, declarou.
Mesmo diante das dificuldades, o prefeito garantiu que as entregas de obras continuam e que o município seguirá honrando compromissos. “Araguaína tem desafios, mas também tem planejamento e responsabilidade com o dinheiro público”, finalizou.