Senador Eduardo Gomes – Divulgação

Eduardo Gomes, senador pelo Tocantins (MDB)

Quem nunca viu a flor do pequi e nunca provou do sabor exótico deste fruto do cerrado não vai entender muito esta polêmica. Mas quem conhece e aprecia, é capaz de pegar em armas por ela. Vamos aos fatos: O deputado Marcelo Freitas do PSL por Minas Gerais propôs conceder o honroso título de Capital do Pequi à Montes Claros, onde, se procurar muito é capaz de encontrar alguns pequizeiros em pé no cerrado mineiro.

Goiás reagiu e o governador Ronaldo Caiado (DEM) mobilizou sua bancada na Câmara para tentar salvar o patrimônio, reivindicando para os goianos o monopólio do patrimônio imaterial do pequi.

Ocorre que o pequi é muito mais tocantinense do que mineiro ou goiano. Portanto, se tem uma cidade que merece o título de Capital do Pequi é justamente a cidade de Pequizeiro, que fica localizada no Centro-Oeste, mas do Tocantins. Pedindo licença ao governador goiano, vou candidatar o Tocantins ao título.

Não é só o fato de ostentar uma cidade com o nome de Pequizeiro que faz do Tocantins o território do Pequi. É a abundância do fruto em nosso território com o cerrado ainda preservado e onde o corte do pequizeiro é crime ambiental. Reza a lenda que, quando da divisão de Goiás, o pequi entrou como contrapartida para o Tocantins que herdou a parte pobre do Estado.

No Tocantins o pequi não é só cultural. Fonte de renda para os coletores que vendem as toneladas nas beiras de estradas porque ainda não somos capazes de processar de forma industrial e agregar valor. E fonte de saúde de acordo com nutricionistas, é bom para a imunidade, para a visão, para a pele e ajuda muito a diminuir o nível de colesterol ruim.

Pesquisas cientificas estão mostrando o valor nutricional e a importância do pequi para diminuir os radicais livres que ajudam a combater o câncer, além de ser fonte de vitaminas a, e e betacaroteno. Esse é o nosso Caryocal brasiliensis.

Sacramentando, o pequi é tocantinense porque o Tocantins o preservou e o cultua e celebra. Aqui ele é mais saboroso, mais carnudo, mais alaranjado. Os goianos o trocaram pela soja, a cana de açúcar, o milho e o gado.

O pequi goiano é uma vaga lembrança em músicas, versos e jargões. Está escasso por aquelas bandas. Aqui no Tocantins não. Aqui as crianças brincam em suas sombras, se fartam com seus caroços. O pequizeiro está nos quintais, está nas praças e bosques da capital. Está no terreno baldio, na sede da fazenda, na beira da estrada, nas margens dos rios, no centro da aldeia indígena.

O pequi está em forma de monumento no distrito de Itapiratã as margens da Belém-Brasília e em Pequizeiro. Aqui no Tocantins, a gente sabe onde os pequis estão. E pra finalizar: um verso de uma música do compositor Tony Xavier, de Palmas: “ Eu nunca tinha visto uns pequi tão bão assim”. E outro do mestre Chico Chocolate: “De tanto que eu gosto, até como cru. I Want Pequi” (Pequi Blues).

*Eduardo Gomes é senador pelo Tocantins, compositor, líder no Congresso e tocantinense-raiz.