Os profissionais de saúde alvos da Operação Betesda, realizada na manhã desta terça-feira, 15, e que teve buscas no Hospital Geral de Palmas, são suspeitos de cobrar até R$ 3 mil para fazer cirurgias na rede pública. Os valores teriam sido pedidos a pacientes de Palmas e do interior que aguardavam procedimentos para tratar situações como hérnias e problemas na vesícula.
A Justiça decretou a prisão temporária por cinco dias de quatro pessoas: Augusto Ulhoa Florêncio de Morais, Idael Aires Tavares, Jorge Magalhães Seixas, e Railon Rodrigues da Silva.
A investigação é do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Tocantins, com apoio da Polícia Civil. A operação foi autorizada pelo juiz Luiz Zilmar dos Santos Pires, da 2ª Vara Criminal de Palmas.
O esquema foi revelado após a análise de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça. Foram feitas buscas em endereços ligados aos quatro suspeitos nas cidades de Palmas, Ponte Alta do Tocantins e Uruaçu (GO). O setor administrativo do Hospital Geral de Palmas, onde as cirurgias teriam sido realizadas, também foi alvo da operação.
Segundo a denúncia, o médico Jorge Magalhães Seixas seria o responsável por cooptar os pacientes e intermediar as cobranças. O fisioterapeuta Railton Rodrigues da Silva ficaria responsável por receber o dinheiro e repassar aos demais integrantes do grupo. O médico Augusto Ulhoa receberia a propina para realizar as cirurgias.
No documento não há indicação de qual a profissão de Idael Aires Tavares, apenas a informação de que ele seria o responsável por encaminhar pacientes de Ponte Alta do Tocantins ao HGP para a realização dos procedimentos. O médico Jorge Seixas foi candidato a deputado estadual nas eleições de 2018 e não foi eleito.
O secretário estadual do Tocantins, Afonso Piva, esteve no HGP durante as buscas e afirmou que contribui com a operação. Em entrevista à TV Anhanguera ele disse que a Secretaria de Saúde não tinha conhecimento do esquema dentro da unidade e que uma a corregedoria também vai acompanhar a situação.
“Ficamos sabendo agora pela manhã da operação e fomos para lá. Nós temos uma corregedoria. Vamos abrir um processo na corregedoria referente aos servidores em conjunto. Temos interesse em fazer o que é certo”, disse o secretário.
O Hospital Geral de Palmas é a maior unidade de saúde pública do Tocantins, recebe pacientes de várias cidades. Eles costumam reclamar da demora na realização de procedimentos. Por causa da pandemia, as cirurgias eletivas ficaram suspensas e só foram retomadas em outubro de 2021.
O que diz a SES
Em nota acerca da Operação policial deflagrada na manhã desta terça-feira, 15, nas dependências do Hospital Geral de Palmas em desfavor de alguns servidores da unidade, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que está a disposição do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Tocantins (MPE), Polícia Civil e o próprio judiciário, para prestar todos os esclarecimentos – que forem pertinentes à Pasta – sobre a operação que investiga o possível esquema de cobrança indevida dentro do Hospital Geral de Palmas (HGP), para realização de cirurgias.
O Secretário de Estado da Saúde, Afonso Piva, e o diretor geral da Unidade, Leonardo Toledo, acompanharam a “Operação Betesda” dando total suporte para elucidação dos fatos. Os Agentes tiveram acesso aos documentos solicitados, como também, a prontuários médicos e demais documentos relativos aos encaminhamentos e procedimentos de pacientes. Paralelamente, o gestor determinou imediata abertura de sindicância – a ser instaurada pela corregedoria de saúde – a fim de apurar os fatos, obedecendo, logicamente, o princípio da ampla defesa aos investigados.
O Governo do Tocantins reafirma o compromisso da gestão pelo zelo na prestação dos serviços públicos de saúde, que são totalmente gratuitos. Por fim, a SES-TO reitera que não compactua com qualquer forma de corrupção ou ingerências, e não medirá esforços para que tais ações sejam coibidas na gestão pública tocantinense.