O nome suplementação já diz tudo: suprir o que está em falta. Por isso, entende-se que pílulas, remédios e outros derivados farmacêuticos ricos em nutrientes não são imprescindíveis para todos. “Deve-se suplementar quando a pessoa tem uma deficiência de algum nutriente ou quando a ingestão do indivíduo não atinge a quantidade diária necessária pela alimentação”, explica a nutricionista Adriana Magalhães, da Clínica Ana Carolina Sumam.
Ainda assim, com o bombardeio de propagandas e informações, fica difícil saber quais compostos fazem bem e devem ser ingeridos para garantir a saúde. Para saber exatamente se o seu corpo pede por alguma vitamina ou mineral, deve-se fazer exames de sangue e consultar profissionais da área. Dentre os casos mais comuns em que a suplementação se faz necessária, estão algumas doenças. “Pessoas com doenças inflamatórias podem ter má absorção de nutrientes, pessoas com doenças hepáticas e renais podem predispor deficiência de vitamina K, o alto consumo do álcool pode levar à falta de ácido fólico, dentre outras”, exemplifica o endocrinologista Francisco Tostes, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Já para Adriana, durante a menopausa e a terceira idade, é preciso ficar de olho em possíveis deficiências nutritivas, uma vez que nessas fases, há declínio de hormônios e redução da absorção intestinal.
Mas os quadros e sintomas variam de pessoa para pessoa. “Não existe determinada fase da vida em que, obrigatoriamente, é preciso suplementar. Isso depende muito da alimentação e se a pessoa tem uma doença, alguma intercorrência ou deficiência”, alerta a nutricionista.
Além disso, para quem pensa que nutrientes nunca são demais, é importante lembrar o exagero em algumas vitaminas e minerais pode causar efeitos negativos. “Algumas vitaminas ingeridas em excesso podem causar problemas à saúde. A vitamina A, por exemplo, pode causar problema ósseo e má formação fetal em mulheres grávidas, e a própria vitamina D, que é muito usada, pode aumentar a formação de cálculos e pedras nos rins. O ferro também, quando em excesso, pode impregnar nos tecidos e causar uma série de adversidades”, detalha Francisco.
Uma pesquisa publicada no periódico acadêmico Annals of Intern Medicine, alerta para perigos maiores. Durante 1999 e 2010, 30 mil estadunidentes tiveram dados sobre alimentação e suplementação coletados. A partir destes dados, os cientistas analisaram as relações entre os modos de consumo de micronutrientes e a saúde.
Durante os seis anos de avaliações, 3,6 mil voluntários faleceram. Ao final deste período, as conclusões afirmaram que a ingestão equilibrada de zinco, cobre, magnésio, vitamina A e K reduz o risco de morte. Contudo, isso acontece apenas quando as pessoas atingem as necessidades corporais por meio da alimentação.
Ademais, entre os entrevistados que exageravam no cálcio via suplementos, o risco de desenvolvimento do câncer era 53% maior, em relação àqueles que não tentavam complementar a rotina alimentar. Já aqueles que ingeriam cálcio em excesso por meio da comida, não corriam o mesmo risco.
Mas não são todos os compostos que trazem malefícios, alguns deles, como a vitamina C, são identificados no organismo como excesso e eliminados na urina. Nestes casos, o ponto negativo é suplementação desnecessária.
A partir disso, os resultados a pesquisa nos levam a perguntar: será que os nutrientes consumidos em cápsulas são absorvidos da mesma forma do que os oriundos de frutas, legumes e verduras?
A resposta é não. “A natureza é sábia e produz os nutrientes de uma forma muito mais bio disponível e equilibrada para a nossa saúde”, afirma Adriana. “Isso, porque existem nutrientes que facilitam a absorção de outros, por exemplo, a vitamina D facilita a absorção de cálcio e a vitamina B12 ajuda na absorção de ácido fólico” completa Francisco. Além disso, o médico explica que pode haver uma certa competitividade entre os minerais consumidos demais. “Se existe uma suplementação de zinco e esse mineral está em excesso no organismo, a pessoa pode sofrer uma deficiência de cobre, o que pode causar queda de cabelo e anemia, por exemplo”.
Regulamentação
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Suplementos para Fins Especiais (Abiad), em 54% dos lares no país, pelo menos uma pessoa consome suplementos alimentares. A compra destes produtos em farmácias e lojas especializadas é liberada, mas antes de chegar aos pontos de venda eles precisam passar pelas regulamentações a Anvisa. Em julho de 2018, o órgão lançou novas regras para a venda de suplementos que visavam, de acordo com o site da instituição, “a redução do desnível de informações observado nesse mercado, especialmente na veiculação de alegações sem comprovação científica”.
Foi criada uma lista de 383 ingredientes positivos, fontes de nutrientes, substâncias bioativas e enzimas. Além disso, aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia usados na produção devem ser legalizados pela Anvisa. Estas listas serão atualizadas a partir de testes de segurança e eficácia dos insumos constituintes.
Para os limites máximos e mínimos de produção, o órgão também propõe um regulação dos ativos para que os produtos não representem riscos à saúde.
fonte: Casa & Jardim