Quase metade de todas as espécies de insetos, vitais para os ecossistemas e economias, está em rápido declínio em todo o mundo, alerta um estudo que adverte para um “colapso catastrófico” dos ambientes naturais.
“A conclusão é clara: a menos que mudemos nossas formas de produzir alimentos, os insetos vão ter tomado o caminho da extinção em algumas décadas”, dizem os autores deste balanço, síntese de 73 estudos, que apontam, em particular, o papel da agricultura intensiva no destino dos insetos.
Hoje, cerca de um terço de todas as espécies está ameaçada “e, a cada ano, cerca de 1% a mais é adicionada à lista”, calculam Francisco Sanchez-Bayo e Kris Wyckhuys, das universidades de Sydney e Queensland.
O que representa, eles observam, “o episódio mais massivo de extinção”, desde o desaparecimento dos dinossauros.”A proporção de espécies de insetos em declínio (41%) é duas vezes maior que a dos vertebrados e a taxa de extinção de espécies locais (10%) é oito vezes maior”, destacam.
Quando se fala de perda de biodiversidade, o que chama a atenção é o destino de grandes animais.
Mas os insetos são “de importância vital para os ecossistemas: um tal evento não pode ser ignorado e deve fazer com que atuemos para evitar um colapso, que seria catastrófico, dos ecossistemas naturais”, insistem os cientistas nas conclusões publicadas na revista “Biological Conservation”.
Exemplo do serviço vital prestado pelos insetos está a polinização de culturas.
No sentido contrário, um exemplo do impacto de seu desaparecimento é o declínio “vertiginoso” das aves do campo, um fenômeno observado na França em 2018.
“Quase não há mais insetos, esse é o problema número um”, explicou um dos pesquisadores, Vincent Bretagnolle: “porque até os pássaros devoradores de grãos precisam de insetos em uma época do ano, para seus filhotes”.
Como causas da perda dos insetos, os pesquisadores australianos apontam o desaparecimento de seus habitats e o uso de pesticidas sintéticos, no coração da intensificação da agricultura no mundo nos últimos sessenta anos.
O estudo baseia-se, em particular, no caso da Europa e dos Estados Unidos, onde a vigilância é mais comum e regular.
“Mas, como esses fatores se aplicam a todos os países do mundo, a realidade dos insetos não deve ser diferentes em países tropicais e em desenvolvimento”, apontam.
A estas razões se somam patógenos, espécies invasoras e, finalmente, a mudança climática, mas especialmente em regiões tropicais.
Fonte: G1 – Portal Globo