Quatro dos cinco agentes da Polícia Civil que são investigados na Operação Caninana da Polícia Federal, já estão presos no presídio de segurança máxima de Cariri do Tocantins. O quinto estava passando férias em Gramado, se apresentou e está detido na superintendência da PF de Porto Alegre e deve ser recambiado ao Tocantins nesta sexta-feira, 24.

Os policiais presos preventivamente são: Antônio Martins Pereira Júnior; Carlos Augusto Pereira Alves; Antônio Mendes Dias; Callebe Pereira da Silva; e Giomari dos Santos Júnior.

A audiência de custódia do grupo também acontece ainda nesta quinta-feira.

O quarteto que já está em Cariri está separado, cada um em uma cela. A defesa dos agentes informou que vai entrar com um recurso no Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO) para que eles voltem para Palmas.

A operação

A operação Caninana teve o objetivo de desarticular organização criminosa responsável por vários homicídios ocorridos no dia 27/03/2020 na capital do Estado. As ordens de busca estão sendo cumpridas em dez endereços de agentes e delegados ligados à Divisão Especializada de Repressão a Narcóticos de Palmas (Denarc).

foi autorizada pelo colegiado de juízes do Tribunal de Justiça do Tocantins. Também foram autorizadas 14 medidas cautelares diversas da prisão, dentre as quais estão a suspensão da função pública dos investigados.

A investigação apontou que o grupo foi responsável por até duas dezenas de assassinatos praticados entre 2019 e 2020 no estado do Tocantins. A PF concluiu que a Denarc estava usando o aparato estatal para grampos ilegais, plantar drogas falsas, servir o governo e fazer limpeza social com um “código penal próprio”.

O grupo supostamente usava veículos a serviço da própria delegacia para cometer os assassinatos. Um dos episódios investigados aconteceu no dia 27 de março de 2020, quando cinco pessoas foram mortas com indícios de execução no setor União Sul e Jardim Aureny I, no sul de Palmas.

Defesa

O advogado dos suspeitos, Antônio Ianowich, afirmou que todos os agentes investigados estão se apresentando espontaneamente para dar cumprimento aos mandados de prisão.

“Nós não vamos comentar ainda o teor das acusações, primeiro porque não tivemos acesso aos altos. Vamos primeiro analisar do que eles estão sendo acusados, mas deixando claro que nenhum deles está se negando ou fugindo da atuação da Justiça. Todos cumprirão as decisões judiciais. Após termos acesso aos autos, respeitando o sigilo, a defesa vai se manifestar sobre o assunto”, disseIanowich.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou, que a Corregedoria-Geral da Polícia Civil está acompanhando a operação e deve se manifestar em tempo oportuno.

Também por meio de nota, o SINPOL-TO, declarou que as acusações em questão são apenas o início da referida investigação, e não podem ser confundidas com sentença final. A gravidade das acusações demanda que mais cuidadosa ainda seja a análise dos fatos antes que se façam pré-julgamentos infundados, baseados em informações incompletas ou parciais.

Repudiamos a exposição da corporação e rejeitamos a comparação dos Policiais Civis em questão com o réptil que dá nome à operação, bem como toda a conotação pejorativa em torno das primeiras informações ventiladas nesta quarta-feira (22).

O SINPOL-TO está atuando para preservar a identidade dos agentes investigados e operando para preservar a sua integridade física e moral, bem como a de seus familiares.

Esta entidade reafirma que acredita na inocência de todos os investigados até que prove-se na justiça, o contrário. E prove-se através de apresentação de evidências contundentes, contraditório, ampla defesa e julgamento justo, conforme dita a nossa legislação.

A Polícia Civil do Tocantins está historicamente listada entre as mais honestas e não violentas do país e isso deve ser levado em consideração. O SINPOL-TO afirma que o departamento jurídico da entidade está acompanhando com atenção e afinco o caso e não abandonará nenhum Policial Cívil que por ventura tenha sido injustiçado. Garantimos que trabalharemos para que tudo seja esclarecido.

O espanto com o qual toda a Polícia Civil recebeu a notícia se repetiu dentro deste órgão classista, vez que os policiais ali investigados possuem histórico de eficiência na prestação de serviço no combate a criminalidade neste Estado. Este tipo de ação criminosa relatada na acusação não representa de modo algum a forma como opera toda a Polícia Civil tocantinense.

Acompanharemos o desenrolar das investigações e acreditamos em um desfecho onde prevaleça a justiça.