Os europarlamentares elegeram nesta quarta-feira (03/07) o socialista David-Maria Sassoli para a presidência do Parlamento Europeu em Estrasburgo. O italiano de 63 anos vai liderar aquela que é uma das três principais instituições da União Europeia (UE), ao lado da Comissão Europeia e do Conselho Europeu.
Nascido em Florença em 30 de maio de 1956, Sassoli é membro do Parlamento Europeu há dez anos. Ele foi eleito em 2009 pelo Partido Democrático (PD) ao conquistar mais de 400 mil votos diretos, o que é considerado uma façanha para um novato na política.
Ele já era bastante conhecido em seu país por ter sido âncora do principal telejornal noturno da emissora pública RAI, onde trabalhava desde 1992. “Não abandonei completamente minha carreira de jornalista. Ainda colaboro ativamente com vários jornais e periódicos”, afirma Sassoli em sua página na internet.
Em seu primeiro mandato em Estrasburgo, Sassoli liderou a delegação social-democrata italiana. Em 2013 ele foi derrotado nas eleições para prefeito de Roma, mas se reelegeria como europarlamentar em 2014. Desde então, foi um dos 14 vice-presidentes do Parlamento, responsável pelo orçamento e pela política euro-mediterrânea, desenvolvendo diálogos com instituições em países do Mediterrâneo e Oriente Médio.
Nos últimos meses ele se tornou um ferrenho crítico do governo populista da Itália, liderado pelos partidos Liga e Movimento 5 Estrelas (M5S), e se opôs às duras políticas migratórias adotadas pelo país e à postura de confrontação com as instituições europeias.
Entre os partidos italianos no Parlamento Europeu, apenas os membros do PD votaram em Sassoli. Os parlamentares da Liga optaram pelo conservador tcheco Jan Zahradil, da Aliança dos Reformistas e Conservadores Europeus, enquanto o Forza Italia, do ex-premiê Silvio Berlusconi, se absteve. O M5S deixou seus representantes livres para escolherem em quem votar.
Logo após ser eleito, ele instou o fortalecimento do Parlamento como forma de aprofundar a democracia na Europa. “Não estamos construindo nada do zero. A Europa é baseada em suas instituições, tão imperfeitas quanto elas sejam. Mesmo que necessitem de reformas, elas salvaguardaram nossas liberdades e nossa independência.”
Sassoli ressaltou a necessidade se reformar a Convenção de Dublin, que estabelece as regras para o acolhimento de refugiados entre os países do bloco europeu. “Senhores do Conselho Europeu, este Parlamento acredita que chegou o momento de discutirmos a reforma das regras de Dublin, o que esta casa, em ampla maioria, propôs na legislatura passada.”
Ele aproveitou para alfinetar o governo populista de seu país, afirmando que “a União Europeia não é um acidente da história. Somos filhos e sobrinhos daqueles que foram bem-sucedidos ao encontrar o antídoto para a degeneração nacionalista que manchou a nossa história”, disse. “O nacionalismo ideológico é virulento.”
Antes da votação, Sassoli defendeu um “Parlamento mais moderno, mais transparente, ambientalmente saudável e acessível para os cidadãos”. Ele citou Jean Monnet, um dos fundadores da UE, ao dizer que “nada é possível sem o povo, nada e durável sem as instituições”.
Sassoli substituirá outro italiano, o conservador Antonio Tajani, aliado de Berlusconi, na presidência da casa. Sua eleição significa que a Itália continuará com um dos principais cargos na hierarquia da UE, após a saída do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, e da chefe da política externa do bloco, Federica Mogherini.
Ele é casado, tem dois filhos e é torcedor da Fiorentina, o clube de futebol de sua cidade natal. Segundo a página de seu partido na internet, desde a juventude ele fez parte de movimentos católicos e também foi escoteiro.
fonte: DW Made for Minds