Os parentes do prefeito de Miracema do Tocantins assassinado em agosto de 2018, Moisés Costa da Silva, resolveram contratar investigadores particulares para tentar encontrar um desfecho sobre o crime. Segundo Fidel Costa, irmão da vítima, a decisão foi tomada porque a família precisa ter paz e está cansada de esperar uma resposta da Polícia Civil.
Moisés da Sercon, como era conhecido, foi assassinado com um tiro na cabeça dentro da própria caminhonete. O carro foi encontrado em uma estrada vicinal entre os municípios vizinhos de Miranorte e Rio dos Bois, também na região central.
“A ideia de contratar investigadores particulares surgiu em um encontro de família, que existe há quatro anos, com parentes do Brasil inteiro. Todos estão sensibilizados e nós resolvemos não esperar mais a Secretaria de Segurança Pública dar um resultado”, explicou o irmão da vítima.
Na época do crime a polícia descartou a hipótese de suicídio após o laudo da perícia, mas até hoje nenhum suspeito foi apontado. A família fez uma passeata e esteve na sede da SSP, em Palmas, cobrando agilidade nas investigações. Apesar disso, o crime segue um mistério.
“A família resolveu se mobilizar para contratar investigadores de outros estados, para não ter interferência. Não estamos acusando ninguém ou duvidando da polícia, só estamos cansados de esperar uma resposta. Os delegados têm interesse, a gente percebe que eles têm boa vontade, mas falta estrutura, falta pessoal”, afirmou Fidel Costa.
O irmão afirmou que os investigadores contratados começaram a investigação, mas preferiu não divulgar nomes e valores que serão pagos para evitar interferências. Porém, informou que são pessoas experientes que trabalharam nas polícias Federal e Civil de outros estados.
A intenção da família é apresentar os resultados da investigação ao Ministério Público e ao ministro da Justiça, além de comparar com os trabalhos feitos pela Polícia Civil do Tocantins. “Foram afastados dois investigadores, o delegado não sabe por quê, o secretário não sabia que tinham afastado esses investigadores. Nós ficamos com essa pulga atrás da orelha e a família decidiu contratar investigadores profissionais de outros estados.”
Moisés Costa da Silva tinha 44 anos, era casado e trabalhou como empresário e contador em Miracema. Ele se candidatou a um cargo público pela primeira vez em 2016, quando foi eleito prefeito da cidade com 84% dos votos válidos.
Se a polícia apresentar um resultado plausível até lá [fim da investigação particular], tudo bem. Se não vamos comparar a nossa investigação com a da Secretaria de Segurança Pública. Se os resultados não baterem teremos que questionar.
A família não descarta que o crime tenha motivação política e diz que não tem nada a esconder.
“Esperamos a primeira semana, o primeiro mês e sempre pedem para ter paciência. Muitas vezes não temos acesso à Secretaria. É um crime bárbaro, misterioso, que parece ter uma proporção muito grande. Precisa ser esclarecida, a família precisa ter paz […] Nossa vida virou do avesso. Nós não temos nada para esconder seja qual for a motivação, política ou qualquer assunto. O que não dá é de ficar no escuro.”
Fidel Costa afirma ainda que a família vai fazer uma campanha nacional para divulgar um número de disque denúncia e uma conta bancária para quem quiser ajudar com a investigação ou fazer doações. Para isso, os parentes criaram a associação Moisés Vive.
“Quando tivermos uma resposta essa associação será transformada em um instituto para desenvolver atividades com fins sociais e culturais. Para não deixar que a memória dele morra”, finalizou.
Polícia interditou local onde a caminhonete foi encontrada — Foto: Leal Júnior/Divulgação
Entenda
No dia 30 de agosto o prefeito Moisés Costa estava em Miranorte, cidade vizinha, e dispensou funcionários que o acompanhavam para fazer uma visita ao prefeito Antônio Carlos Martins (MDB).
Os funcionários e ficaram aguardando o prefeito em um posto de combustíveis, mas ele não retornou. O corpo foi localizado horas mais tarde dentro da caminhonete dele em uma rodovia que liga Miranorte a Rio dos Bois.
Após a morte a Secretaria de Segurança Pública (SSP) chegou a montar uma força-tarefa para investigar o caso. Em dezembro de 2018, informou que o caso é de difícil elucidação e estava empregando diversas técnicas investigativas a fim de se identificar a autoria do homicídio.
fonte: G1 Tocantins