Os ataques golpistas de 8 de janeiro deixaram um rastro de destruição nas sedes dos Três Poderes e causaram prejuízo que chega à casa dos milhões. Um ano após os atos, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal (STF), a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, juntos, estimam gasto de R$ 7,6 milhões para reparar os danos provocados pelos invasores.
O montante engloba despesas com reparos estruturais, ou seja, substituição de vidros, carpetes, divisórias, persianas e outros bens imóveis, além da recuperação de objetos que fazem parte do acervo cultural dos órgãos, tais como pinturas, esculturas e obras de arte. Por outro lado, algumas peças, de valor inestimável, se perderam.
O edifício-sede do STF foi o prédio que mais sofreu prejuízos. No total, foram R$ 8,6 milhões em itens furtados, quebrados ou completamente destruídos. A reconstrução do plenário custou R$ 3,4 milhões.
Até o momento, a Suprema Corte restaurou 116 itens, sendo 22 deles esculturas; 21 telas e tapeçarias; quatro galerias de retratos; 19 objetos; e 50 itens de mobiliário. Há outros 27 artefatos em restauração ou que ainda serão reparados.
De acordo com o órgão, 106 objetos históricos, de valor imensurável, não puderam ser restaurados ou repostos.
Prejuízo no Congresso
O Senado recuperou, até o momento, 19 peças que integram o acervo do museu. Outras duas, um painel de Athos Bulcão e uma pintura a óleo do artista Gustavo Hastoy, datada do século 19, aguardam reparação. A previsão é de que as peças sejam entregues em 2024.
O custo total, somando consertos estruturais, foi estimado em R$ 1,3 milhão.
Em outubro, a Casa finalizou a restauração da tapeçaria de Burle Marx, avaliada em R$ 4 milhões, que ficava exposta no Salão Negro do Congresso Nacional.
Na Câmara dos Deputados, o valor dos consertos soma R$ 2,7 milhões. Um ano após os ataques, foram 52 objetos tratados — entre itens reparados ou higienizados — e nove em tratamento.
Um dos objetos recuperados foi uma bola de futebol, assinada por Neymar e dada de presente pelo Santos, em 2012, ao então presidente da Casa, deputado Marco Maio.
Enquanto isso, uma pérola, presenteada pelo vice-primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, a Rodrigo Maia, no comando da Câmara à época, em setembro de 2019, segue perdida.
Planalto
O Palácio do Planalto contabilizou 13 obras de arte depredadas nos ataques. Entre elas a tela As Mulatas, de Di Cavalcanti, avaliada em R$ 8 milhões. O quadro passa por restauração.
A sede do Poder Executivo montou um laboratório a fim de revitalizar o patrimônio público danificado durante a invasão. Três das peças levantadas foram reconstruídas. O restante passa por tratamento.
Um dos alvos da depredação mais emblemáticos é o relógio de Balthasar Martinot Boulle, do Século 17, relíquia trazida ao Brasil pelo imperador Dom João VI, em 1808. Câmeras de segurança registraram dois homens destruindo o item histórico. O objeto será revitalizado com o apoio da Embaixada da Suíça no Brasil.
O Planalto estima gasto de R$ 297 mil com reparos estruturais. O montante previsto para restauração das obras de arte não foi informado.
Foto: Breno Esaki/Especial Metrópoles