Fábio Vaz – Foto: Divulgação
Venho celebrar aqui, a minha alegria quando soube do tema da redação do Enem 2024, realizado neste domingo, dia 03: “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. Se eu tivesse feito a prova do Enem, certamente a minha redação seria sobre o projeto Poder Afro no Tocantins. O tema convidou os estudantes a refletirem sobre uma questão essencial para nossa identidade nacional e para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa.
A alegria que me contagiou, por perceber o quão significativo foi o passo que a educação do Tocantins deu este ano com a implementação do Poder Afro, um projeto que busca fortalecer uma educação afrocentrada em nossas escolas. Iniciado no Ensino Médio e com previsão de ampliação para o Ensino Fundamental, o projeto conta com um material didático estruturado, desenvolvido para proporcionar uma imersão dos alunos na cultura, valores e saberes africanos, conectando nossas raízes à história da África. Essa herança se manifesta na música, dança, festas, artes, religião e culinária, enriquecendo não só a cultura brasileira, mas especialmente a tocantinense.
A inclusão do Poder Afro no currículo do Ensino Médio e a escolha do tema da redação do Enem reforçam um caminho assertivo para a educação no Tocantins. São iniciativas que se alinham ao compromisso do Governo do Estado e da Seduc-TO de promover uma educação transformadora, que respeita as raízes, a ancestralidade, celebra a pluralidade e combate ao racismo. Em um Estado onde 76% da população é negra, esse compromisso é urgente. Para combater o racismo estrutural e superar as barreiras históricas que limitam o pleno reconhecimento das contribuições afro-brasileiras na construção do país, é fundamental uma educação transformadora que forme cidadãos plurais, livres e conscientes.
O projeto Poder Afro prioriza a educação afrocentrada, reconhecendo as contribuições do povo africano para a humanidade e integrando-as nos processos de ensino e aprendizagem. Ao incorporar uma perspectiva decolonial no currículo, valorizamos a interculturalidade e a interdisciplinaridade. Isso significa promover as culturas historicamente silenciadas, transformando o conteúdo didático em um instrumento que amplia a experiência social e cultural dos alunos durante sua trajetória escolar.
Na Rede Estadual de Ensino, são 14.330 estudantes que estão concluindo o Ensino Médio e se inscreveram no Enem 2024, representando 81,47% desses estudantes. Esses jovens trazem consigo uma riqueza de histórias, experiências e sonhos que esperamos ver refletidos no sucesso desse Enem.
A educação precisa ser um agente de transformação social para o aluno, ele precisa encontrar no processo de ensino e aprendizagem formas para se encontrar no mundo, formas para pensar o mundo e formas para vencer no mundo. É por meio da educação que conseguiremos construir uma sociedade mais equitativa e menos violenta, que respeite e valorize a história de cada indivíduo.
E se essa fosse a minha redação, que nota me daria?
Fábio Vaz
Professor e Secretário de Estado da Educação
@fabiopereiravaz