Produtores do oeste baiano despertam para o cultivo do cacau e o Matopiba poderá ter o seu próprio chocolate
Por Antônio Neves
Composta pelo Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, a região chamada de Matopiba, tem o agronegócio como fonte econômica e entre as principais culturas agrícolas se destacam o cultivo de soja e o milho para exportações. A produtividade é crescente a cada ano e os números do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, prevê que na próxima década o Brasil será o maior fornecedor mundial de soja (49%) e o segundo maior de farelo de soja (26,9%).
Os resultados da última década apontam que a Matopiba tem potencial para dobrar o volume da produção de soja e milho, que já cresceu 96% e 49%, respectivamente. De acordo com a projeção divulgada pelo Ministério da Agricultura, para 2028 e 2029, sobre o agronegócio brasileiro a área que será utilizada para a ampliação da plantação de grãos, em relação aos dias atuais.
As áreas que vem sendo expandidas, nos Estados mencionados, têm características próprias para a agricultura moderna, o que facilita o emprego de novas tecnologias. Além de planas e extensas, os solos são potencialmente produtivos e possuem o essencial: disponibilidade de água e clima propício com dias longos e com elevada intensidade de sol. As estações de seca (abril a setembro) e de chuva (outubro a março) são bem definidas, garantindo certa segurança à produção agrícola.
Nem tudo é sol e água no Matopiba
Entre os entraves e a limitação para a produção, destaque para as péssimas condições de logística, especialmente transporte terrestre e portuário. A limitação da comunicação e a ausência de agências bancárias em algumas áreas também são fatores negativos, além de alguns investidores passarem por insegurança, por causa de questões fundiárias.
Segundo levantamento feito pelo Grupo de Inteligência Estratégica (GITE) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o MATOPIBA reúne 337 municípios e representa cerca de 73 milhões de hectares. Existem na área, aproximadamente 324 mil estabelecimentos agrícolas, 46 unidades de conservação, 35 terras indígenas e 781 assentamentos de reforma agrária.
O pesquisador da Embrapa Soja, Leonardo José Motta Campos, ressaltou que esta nova fronteira agrícola vem atraindo sojicultores interessados em terras com valores mais acessíveis, quando comparados às do Centro-Oeste brasileiro, mas alertou quanto às condições climáticas. “Mesmo com boas produtividades registradas na região, fatores ambientais como, a disponibilidade de água, as altas temperaturas e a radiação solar podem interferir na estabilidade e no incremento dos níveis de rendimento. A restrição de água durante o ciclo pode ser considerada a principal limitação da produtividade, especialmente durante a fase reprodutiva (floração e enchimento de grãos)”, enfatizou.
Estimativa da safra baiana
É no Oeste baiano que está concentrada a maior produção entre os municípios do MATOPIBA, com destaque para o município de Luís Eduardo Magalhães, onde as culturas são alternadas entre soja, milho e algodão. No Estado da Bahia estima-se que na safra 2020/2021 sejam cultivados cerca de 3,2 milhões de hectares de lavouras graníferas, com a produção estimada em 10,4 milhões de toneladas de grãos e 500 mil toneladas de fibras de algodão. Nos números, comparados à safra passada, a área cultivada aumentou 4,5% (138,9 mil hectares).
Com cerca de 65% de toda expectativa da produção da Bahia, a soja continua sendo o carro-chefe, seguida pelo milho (23%) e pelo algodão (7%) – excluindo a fibra. A produtividade de grãos em solo baiano estimada para 2020/21 é de 3.240 kg/ha. Já a produção estimada para o mesmo período (grãos)é de 10.484,3 mil toneladas.
De acordo com o Secretário da Agricultura da Bahia, João Carlos Oliveira, “a região onde está inserido o MATOPIBA é de extrema importância porque detém os melhores índices de produção e produtividade, tanto na soja como no algodão e no milho. A soja se destaca como uma das melhores produtividades no país, seguida pelo algodão e também pelo milho. Vale ressaltar que além da produtividade há um trabalho muito importante dando ênfase sobretudo à questão social e ambiental. A Gestão Estadual acompanha e dá o suporte, principalmente no acompanhamento da bacia do Urucuia, dos canais de irrigação, com suporte técnico e incentivando a expansão da área”, disse.
O Governo da Bahia também atendeu a Associação Baiana de Produtores de Algodão e a Associação Baiana de Irrigantes e reduziu o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) do milho de 12% para 2%. “Isso irá favorecer o retorno econômico dos produtores de milho de todo o Estado e também da avicultura. Quero ratificar a importância do Oeste baiano e do MATOPIBA e vamos buscar a curto prazo um diálogo com todos os secretários de Meio Ambiente desses estados para buscarmos soluções conjuntas”, reiterou o secretário.
João Carlos destacou ainda, outro projeto em andamento para a região Oeste. “O plantio de cacau é uma realidade pela excelente produtividade chegando a 200 arrobas por hectare, e, já há uma procura muito grande por mudas e tecnologia sobre o fruto. Não tenho dúvida que a região passa a ser uma referência no plantio de cacau, então vamos ter a soja, vamos ter o algodão, o milho e o chocolate da região do MATOPIBA”, concluiu.