Especial Gazeta do Cerrado – Por Ana Negreiros

O rádio anda silencioso. O celular, já não toca. Para o ponto, batendo na ida e na volta também. Resultado: ficar em casa gasta menos. Não há mais clientes. O cenário descrito tem sido comum a vários taxistas no Tocantins. Só neste ano de 2020, a renda deles caiu em 90% e tudo está “bem difícil”, como revela a representante do Sindicato dos Taxistas do Tocantins, Eunice Rodrigues da Silva.

Ao contrário dos mototaxistas, o serviço de táxi é considerado essencial e não precisou parar. Mas a falta de passageiros e o medo fez com que eles parassem. Toda a rotina foi mudada. Para se ter uma ideia, Eunice conta que todos os dias 19 profissionais fazem o turno de atendimento aos passageiros da Rodoviária. Os taxistas trabalham por escala. Agora, como não tem ninguém viajando, eles voltam para casa sem nenhuma corrida feita.

“Tem taxista passando necessidade. O que conseguem fazer dá mal para comer e todas as dívidas estão em atraso. Nem as parcelas dos carros conseguimos pagar. Já recorremos as linhas de crédito e estamos trabalhando para sobreviver”, revela Eunice.

O sindicato conta que alguns taxistas pensam em desistir da profissão. Outros estão fazendo bicos e nos casos que o cônjuge trabalha, eles ficam dependentes. “Muitos levam a marmita para o ponto e assim só voltar em casa no final do turno. De verdade, se pudéssemos declarar estado de calamidade, a gente declarava”, desabafa Eunice.

Esperança

Taxista há cerca de oito anos em Palmas, Arnaldo Ramalho Solino vivia exclusivamente do seu táxi. Fazia uma média de sete corridas por dia. E ele gostava de estar sempre à disposição. Agora, tudo mudou. “A minha renda caiu em 100%. Eu tenho tomado todas as medidas preventivas, aumentei a higiene e com a pandemia não tem cliente e fico em casa, neste isolamento social”, revela.

Mesmo diante deste cenário, Arnaldo diz que tem grandes expectativas. “Acredito em Deus que tudo vai melhorar”. A representante do Sindicato também tem a mesma esperança. Ela conta que muitos taxistas estão acima dos 50 anos e por medo da doença ficam em casa, mas otimistas que logo tudo passe. “A esperança é a última que morre. Eu sou otimista. Sei que vamos ter que trabalhar muito”, comenta.

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