Economista, Adaildo Palma – Foto: arquivo pessoal

É fato que qualquer pessoa está sujeita a imprevistos. Desde um  problema com algum familiar a desastres naturais, a verdade é ninguém sabe a hora que pode se arrepender de não ter feito uma reserva de emergência. O momento que estamos vivendo atualmente explica bem isso. A pandemia deixou muita gente em situação difícil porque obviamente não previa a crise que seria ocasionada pelo Novo Coronavírus. Uma pesquisa realizada pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais) e publicada pelo Uol revela que 62% dos brasileiros não guardaram dinheiro no ano passado.

Ainda conforme pesquisa, a despeito desse cenário ruim, o percentual de brasileiros que conseguiram poupar no ano passado foi de 38%, o que representa uma alta de cinco pontos percentuais na comparação com 2018 (no ano retrasado, apenas 33% dos entrevistados disseram que conseguiram economizar).

Já em janeiro deste ano,  uma pesquisa  realizada pela  Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) apontou que 49% dos brasileiros pretendiam guardar dinheiro em 2020. Mas veio a pandemia e  acredita-se que muitos começaram a pensar na importância de ter dinheiro guardado pra esses momentos inesperados.

Pensando em tirar as dúvidas sobre reserva de emergência, a Gazeta do Cerrado, convidou o economista Adaildo Palma para responder algumas perguntas básicas que vão mostrar a importância de ter uma reserva, bem como, perceber que começar pode ser mais fácil do que se imagina.

 

 O que é Reserva de Emergência?

Adaildo – Como o nome já diz conceitualmente é um reserva, um valor que tem está reservado  para emergências. E como emergência é algo que não manda aviso, o valor deve estar disponível para ser usado da forma mais prática e mais rápida possível. É um valor que não deve está dentro da composição das despesas fixas e costumeiras da pessoa, família ou da empresa se for o caso.

A reserva de emergência é aquela parte do dinheiro, parte da renda que o agente econômico ( pessoa, família ou empresa) tem e não tem previsão de utilizar pois é para  possíveis, prováveis e muitas das vezes inevitáveis situações de emergências que venha  acontecer. Seja saúde, desemprego,alguma conjuntura econômica desfavorável envolvendo, alguma condição climáticas que pode acontecer e trazer um tipo de prejuízo material, situações que envolvem roubos, sequestro, ou seja, qualquer situação que não estava dentro de uma previsão normal desse agente econômico por isso que dá-se o nome de reserva de emergência.

Onde guardar/ investir sua reserva?

Adaildo -São  dois conceitos diferentes. Investir  é diferente de guardar. Quando você investe dinheiro significa que você tá colocando aquele dinheiro para trabalhar para você e isso normalmente requer uma previsão de prazo e  aquele investimento que você optou terá uma escala de tempo. O guardar envolve raciocínio de deixar o dinheiro descansando, ele tá reservado apenas, já o  investido ele está de fato trabalhando gerando mais dinheiro para você.

Dá para você ter os dois raciocínios quando se fala em reserva de emergência, mas não podemos esquecer que conceitualmente a reserva de emergência requer uma liquidez ou seja a reserva de emergência requer que você tenha acesso rápido caso você precise utilizar, quando  requer acesso rápido que nós chamamos de liquidez. Então se for investir  deve ser no curto prazo.

Têm várias opções para guardar tem a opção tradicional do cofre,  tem a opção de colocar em poupança que não é um investimento é uma opção de guarda de valor é uma atividade de você guardar realmente.

Se você já tem reserva que não estava nas suas expectativas você pode pensar em vestimentos de prazo como o tesouro direto que é um investimento seguro, tradicional e que tem uma liquidez. Quando  a gente fala  no médio e longo prazo já deixa de ser uma reserva de emergência porque você vai trabalhar o valor já pensando em ganhos maiores que requerem um certo risco que tem uma chance de render mais, porém  vão exigir de você um compromisso daquele valor está atrelado naquele investimento para um período de 6 meses, um ano ou mais e aí ela deixa de ser uma reserva de emergência e passa realmente a ser um investimento.

Como começar?

Adaildo – Basicamente tem que saber  duas coisas, a primeira é que as nossas necessidades são ilimitadas porém os recursos que nós temos para sanar  são limitadas sendo assim que a pessoa ganha R$ 1000 ela vai invariavelmente buscar atender todas as suas necessidades com esse valor. Segundo se obrigue a fazer uma reserva de um valor mínimo que seja  e não conte com aquele valor como parte do seu fluxo normal de despesas aí sim você vai começar a ter uma reserva sendo formada um valor que não está dentro da sua programação e se em caso de emergência terá o valor disponível.

O importante é começar para se criar o hábito de guardar dinheiro.

Trabalhador que ganha um salário minimo

Ele precisa dentro desses R$ 1.045 reservar parte desse valor para começar um hábito de reservar.  Se 10% tá muito pra começar, comece com 5%.

No primeiro momento pensamos poxa  é muito difícil alguém que ganha o salário minimo reservar um valor desse, mas não é difícil. Não pode é contar com o valor que está sendo reservado. E deve separar o valor não no final quando ele já tiver pago tudo mas no início, assim ele já não conta com aquele valor.

Para as pessoas que tem compulsão por comprar é necessário  que ela abre uma conta poupança, conta digital e não peça o cartão.

Se puder guarde R$ 1 todo dia colocando no cofrinho mesmo, isso vai ajudar o  trabalhador a criar o hábito de reservar.

Se ele juntar 100 reais todo mês, no final do ano dá uns 1200 ele junta com seu décimo terceiro e vai ter em mãos um valor que se não tivesse poupado não teria.

 

Adaildo Palma, Conselheiro do CORECON-TO, com graduação em Economia pela UCSAL – Universidade Católica do Salvador, Conciliador Extrajudicial no Tribunal do Consumidor e Consultor Sênior.

Por Luciane Santana