Resgates submersos são considerados atividades de “alto risco” e demandam equipamentos específicos para garantir a segurança do profissional

 

Ponte JK, entre o TO e o MA, caiu no dia 22 de dezembro — Foto: Luiz Henrique Machado/Corpo de Bombeiros

 

Equipes da Marinha do Brasil estão encarregadas de resgatar os sobreviventes do desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que conecta os estados de Tocantins e Maranhão e desabou no dia 22 de dezembro, a estrutura. Até agora, os mergulhadores já resgataram 13 corpos de vítimas do Rio Tocantins. Quatro pessoas ainda estão desaparecidas.

Desde o dia 22 de dezembro, as equipes da Marinha estão atuando no local do desabamento da ponte. Mergulhadores já começaram a trabalhar no dia seguinte ao acidente e, no decorrer dos dias, “chegaram à cena mais militares e meios, como o helicóptero UH-15 (Super Cougar), embarcações e viaturas, entre outros”.

Segundo a Marinha, resgates submersos são atividades de alto risco, por demandarem pessoal “altamente capacitado” e uma estrutura de apoio com equipamentos adequados.

Conforme o chefe do destacamento de mergulhadores, capitão de mar e guerra Albino Manoel Borges Santos, “o cenário encontrado pela equipe no Rio Tocantins impôs o uso de duas técnicas: o mergulho autônomo e o mergulho a ar dependente”.

O militar explica que o mergulho autônomo acontece inicialmente para identificar e marcar os pontos de interesse. Já a técnica do mergulho a ar dependente permite que, ao serem localizados os referidos pontos de interesse, a área seja explorada.

“O mergulho a ar dependente conta com uma série de aparatos próprios, destinados a essa técnica. Por exemplo, a tradicional máscara é substituída por capacete. Com ele, o mergulhador consegue receber o ar que vem da superfície”, detalha o capitão.

A Marinha explica que, para fazer o mergulho a ar dependente, “é designado um mergulhador principal – também conhecido como “vermelho” – para fazer o trabalho”. Junto a ele, existe o chamado mergulhador “amarelo”, que é responsável pela segurança do principal. Ainda há um terceiro mergulhador, o “verde”, que atua como reserva do resgatista.

O capitão de mar e guerra destacou que na operação no Rio Tocantins, em que a profundidade chega a superar 40 metros, “as maiores dificuldades dizem respeito aos destroços, como cabos de aço, material de alvenaria, concreto e os próprios veículos encontrados”.

De acordo com a Marinha, “para atuar em cenários de tamanha exigência, os mergulhadores da MB passam por um rigoroso treinamento durante sua formação no Centro de Instrução e Adestramento Almirante Átilla Monteiro Aché (CIAMA), no Rio de Janeiro (RJ)”.

 

Câmara hiperbárica

 

Câmara Hiperbárica – Foto: SG Carlos/Marinha do Brasil

 

A Marinha também utiliza a câmara hiperbárica para auxiliar o resgate de vítimas. O equipamento é operado por uma equipe de saúde especializada composta por médicos e enfermeiros aptos a trabalhar com a câmara hiperbárica, por ser uma área de atuação com muitas particularidades.

“A câmara hiperbárica serve para fazer o tratamento dos mergulhadores acidentados. Ela é composta de uma antecâmara e uma câmara, e comporta até três militares. É possível entrarmos nela para atender a vítima”, afirma o capitão de corveta Felipe Silva Rampazzo, que é médico.

Durante os resgates das vítimas do desabamento da ponte do Rio Tocantins, a Marinha explica que, na ação, a câmara ficou posicionada na terra, em local ao qual o mergulhador pode ser conduzido em até 7 minutos, podendo ali permanecer de três a cinco horas, a depender do tratamento que vá ser administrado.

“Nós usamos a câmara para proporcionar um ambiente mais próximo àquele da profundidade em que o mergulhador estava, de atmosfera maior do que a natural. Isso minimiza as lesões. Conseguimos administrar oxigênio para acelerar a saída de nitrogênio residual do organismo e, assim, evitar lesões mais graves”, explica o capitão de corveta Rampazzo.

Segundo a Marinha, “um dos acidentes mais comuns em operações de mergulho é a chamada doença descompressiva, causada justamente pelo acúmulo de nitrogênio durante o tempo passado submerso, por isso, há a necessidade do fiel cumprimento das tabelas de descompressão”.

“Quanto mais tempo o mergulhador passa em grandes profundidades, mais chances de acontecer uma doença descompressiva, e a câmara hiperbárica permite reduzir e estabilizar a presença de gases, oferecendo o tratamento adequado”, explica a Marinha.

 

(Fonte: Metrópoles)