Caso foi registrado há quase um mês no sudeste do Tocantins
Mulheres vítimas de tentativa de feminicídio ainda sofrem com medo e a insegurança, isso porque muitas vezes seus agressores continuam soltos e além de não respeitar a Medida Protetiva imposta pela Justiça, seguem fazendo ameaças.
Conforme dados do Monitor da Violência do G1 em parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apesar do homicídio de mulheres ter caído no ano passado, cerca de 1.314 delas foram vítimas de feminicídio em 2019, uma a cada 7 horas.
A Gazeta do Cerrado mostrou o caso da Daniele da Silva Costa e sua filha de 15 anos, Diovana Silva Bonfim, moradoras de Natividade, região sudeste do Tocantins, que quase entraram para uma estatística que lutamos diariamente para tentar reverter, a doença do machismo e o feminicídio.
O ex-companheiro de Danielle, conhecido como na cidade como Chureba, por não aceitar o fim do relacionamento, colocou fogo na casa da ex-esposa e arrancou dedos da mão e cortou a orelha da enteada, no último dia 6 de junho.
Leia sobre o assunto aqui – Dor e revolta em Natividade: Sem aceitar fim de relação, Ex-companheiro coloca fogo em casa e corta dedos e orelha da enteada
Novo episódio
Neste sábado,, 4, Dona Vilma da Silva Tito, mãe de Daniele e avó de Diovana, entrou em contato com a nossa equipe, contando um retrato social do que várias mulheres passam no Brasil e no Tocantins.
Impune, Chureba não foi preso e segue fazendo ameaças psicológicas à família. Conforme dona Vilma, além da Medida Protetiva que já tinha contra o homem, outro boletim de ocorrência foi registrado na delegacia, mas nada foi feito até o momento.
“Eu não aguento mais viver com medo dele matar minha filha, dele matar minha neta ou até mesmo me matar. Ele passa aqui na porta de casa todos os dias rindo, a gente não tem sossego e não sabe mais o que fazer”, disse dona Vilma.
Dona Vilma relatou ainda que Chureba fica debochando da situação em grupos de Whatsapp por não ter sido preso, dizendo que está em casa e que quem quiser vê-lo, é só ir até sua residência.
“Agora você imagina pra uma mãe ouvir isso. Não é por que ele tá namorando, fazendo o que ele tá fazendo, fazendo essas baixarias, isso pra mim não interessa. Mas agora ele ficar dizendo que não vai ser preso, porque aqui tem um pessoal que não vai deixar. Ele é muito forte aqui dentro de Natividade”.
A mãe de Daniele contou também que precisa ficar medicada quase o tempo todo por conta do medo de que algo possa acontecer a qualquer momento.
“Eu tenho depressão, essa situação está me deixando mais doente ainda. Temo que possa acontecer algo a qualquer momento com a gente”.
Ela criticou a demora na ação da polícia.
“Eu fico imaginando. A gente que é pobre é desse jeito. Imagina o tanto de pessoas que devem passar por isso todos os dias e não poder fazer nada, porque não tem condição financeira. Agora se fosse uma pessoa rica, se ele já não estava na cadeia. Essa é a impressão que a gente tem”.
Por fim dona Vilma acusou a polícia de ser negligente em não lidar com a situação. “Eles sempre dizem que não podem fazer nada”, concluiu.
Nossa equipe entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-TO), questionando como estão as investigações e quais são os impedimentos para a prisão do homem. A Gazeta perguntou também sobre a questão na neglicencia citada por dona Vilma.
Em nota, o órgão disse que o inquérito policial que apura as circunstâncias do fato narrado está em fase final de conclusão, sendo que já foram ouvidas testemunhas e realizados demais procedimentos investigativos.
Esclarece ainda que o caso se enquadra na Lei Maria da Penha, tendo em vista que a suposta vítima é ex namorada do investigado. A autoridade policial responsável pelo caso ressalta, porém, que o autor não se encontra preso pelo fato de não ter sido pego em flagrante. No entanto, o delegado representou junto ao Poder Judiciário pela prisão do mesmo, a qual não foi deferida pelo juízo da Comarca de Natividade.
Devido ao fato de o inquérito correr em segredo de justiça, mais informações serão prestadas em momento oportuno.
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil do Tocantins, por intermédio da 98ª Delegacia de Natividade.