Não é dúvida para ninguém que, aos poucos, a inteligência artificial vai deslocar milhões de pessoas dos seus empregos. Um exemplo disso é que, segundo uma pesquisa apresentada meses atrás, em 125 anos todos os empregos da atualidade serão assumidos por robôs. Um novo estudo revela um novo dado, agora sobre as consequências da automação em países que têm mão de obra barata: em duas décadas, será mais vantajoso operar robôs em fábricas nos EUA do que contratar trabalhadores na África.
Para os pesquisadores da consultoria McKinsey Global Institute, um terço dos empregos em países ricos, como Alemanha e EUA, poderiam ser afetados pela inteligência artificial. Porém, países como a Índia só teriam 9% dos seus trabalhadores sendo substituídos pelas máquinas. Para a McKinsey, a razão é que países mais pobres não têm recursos econômicos para investir em automação.
Contradizendo algumas pesquisas, como a da McKinsey, que argumentam que os países mais pobres seriam os menos afetados pela automação, o estudo do Overseas Development Institute (ODI) revela que os países do continente africano deveriam se preparar para a essa mudança aumentando o acesso à internet, investindo em conhecimento técnico e promovendo a inovação tecnológica. O ODI acredita que, embora os robôs ainda sejam caros em relação ao trabalho humano, em 15 anos a realidade será diferente.
No estudo realizado pelo ODI, a estimativa do custo de impressoras 3D e robôs que são responsáveis pela fabricação de móveis nos EUA será mais baixa que pagar salários de trabalhadores no Quênia, em 2034. Na Etiópia, o ODI prevê que a automação robótica será mais barata que os trabalhadores etíopes entre 2038 e 2042. Segundo o relatório, isso dá ao continente africano cerca de duas décadas para desenvolver suas capacidades em setores com menor risco de automação, como alimentos e bebidas, roupas e metais.
Para a pesquisadora sênior da ODI, Karishma Banga, “se bem feita, a automação pode apresentar oportunidades importantes para os países africanos, melhorando a produtividade do trabalho na manufatura”. Outra recomendação seria que os países africanos investissem em educação técnica como forma de aliviar o impacto dessas mudanças.
Por Bárbara Fernandes, do TecMundo