Quando a Maria me convidou pra escrever uma coluna aqui eu só disse sim porque o convite era para que este espaço falasse de moda. Surgia então a oportunidade perfeita para que eu escrevesse sobre uma das coisas que mais gosto na vida, e ao mesmo tempo, eu poderia fugir do tradicional ‘música/cinema/literatura/televisão’ que tanto me perseguem (mas que também amo de coração).

Mas agora, neste momento em que estou aqui sentada pra escrever o texto, e enquanto toca Joy Division ali no som, percebi que uma coisa não existe sem a outra. Tá tudo conectado mesmo. De verdade.

Não existe a possibilidade de falar de moda, principalmente de moda vintage, o tema central desta coluna, sem falar de tudo aquilo que a rodeia, que serve de inspiração, que vem a ser justamente os temas adjacentes citados acima.

Então pra começar, aviso aos leitores que surgirão: essa coluna vai ser confusa. No bom sentido, mas será. Vai falar de tudo ao mesmo tempo porque se a vida acontece assim, porque não a moda? Aviso dado, let’s go!

Vocês já ouviram falar da nova série queridinha da Netflix, ‘Stranger Things’? Terminei numa maratona insana esse fim de semana os oito episódios da produção que tá conquistando fãs ao redor do mundo, especialmente no Brasil. A trama se passa no ano de 1983, em uma cidade do interior dos Estados Unidos, quando depois de um dia inteiro de uma batalha de Dungeons and Dragons entre um grupo de quatro amigos, na volta pra casa, um deles desaparece.

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O resultado é que tá todo mundo surtando com essa história que te deixa de cabelo em pé durante os cinquenta minutos de cada episódio e principalmente com todas as referências que o seriado faz a filmes que tanto amamos, como ‘E.T’‘Conta Comigo’‘Goonies’‘Contatos Imediatos de Terceiro Grau’ e ‘Alien’, só pra começar. Brasileiro é nostálgico e não consegue se separar do que viveu, então eu acredito que isso também serve pra apontar como um dos motivos dessa paixão louca que surgiu no público por aqui.

Mas a verdade é que  a série é ótima, principalmente pra mim que adoro ficção científica. E principalmente pra mim, que tenho os dois pés no passado. Talvez seja justamente por isso que resolvi abrir um brechó. Porque não é só amar moda, é amar moda com cara de velha, ou com referência de antigo. Não é só sair de casa parecendo que sai de uma máquina do tempo. Não bastava só visitar todas as lojas de usados, segunda mão, vintage shops em todas as cidades que vou, eu tinha que trabalhar com isso também. E pra mim, é justamente por causa desse clima vintage que o seriado ganha mil pontos comigo.

A caracterização dos personagens é simplesmente um sonho pra quem, como eu, adora peças com aquela pegada antiga. Eu amo os cabelos armados, frisados, Farrah Fawcett, com topetes dos personagens. Adoro os tênis gigantes que iam bem com TODAS AS ROUPAS (salto não era coisa do dia a dia), as jaquetas enormes que tanto meninos e meninas vestiam (não existia obsessão por usar roupas coladas que marcam o corpo), os óculos que tomavam todo o rosto (o que importava era enxergar), as calças de cintura altíssima (que graças a Deus foram resgatadas pelos designers atuais), o boné trucker (que estou pensando em adquirir um), a gola rolê (que deixa todo mundo chique) e claro a presença da Winona Ryder que por si só já é vintage e será vintage a vida inteira, não tem nem o que discutir.

Depois de assistir a maratona do seriado eu estou numa vibe totalmente oitentista e não consigo tirar as minhas camisetas com mangas ¾, meu converse vintage e meu jaquetão que bate no joelho. Até o cabelo eu tenho amarrado pro lado. Tá muito louco. A real é que mesmo que essas peças tenham vindo de direto dos anos 80, se a gente olhar pras passarelas, ou pros perfis de Instagram de street style é tudo tão atual! Todos os itens estão lá, revistados, reconstruídos, rebatizados, tão presentes!

E por isso é que o vintage funciona, porque se você parar pra pensar vai entender que os clássicos sempre dão um jeito de voltar, é só você aceitar isso e se preparar pra desconstruir a ideia de tendência, de revista de moda, de listinha de must-have.

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Pra quem ainda não sabe do que eu to falando, a dica da semana é: assista ‘Stranger Things’. Revisite suas referências, tanto cinematográficas, musicais, quanto visuais.

Tire o pó do disco de vinil, dê play na voz rouca do Ian Curtis, dance ouvindo Joy Division e tire do guarda roupa a peça mais oitentista que você tiver. Uma roupa com cara de The Cure, cheirinho de The Clash, uma pegada de David Bowie e um jeitinho de Madonna. Vai funcionar.

A gente se encontra no passado.

Ou na próxima semana. Até!