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É comum encontrar dicas de misturas de produtos de limpeza na internet com promessas de resultados milagrosos na hora da faxina.

O problema é que essas combinações podem causar o efeito oposto, cortando a eficácia dos produtos envolvidos, ou pior: podem causar sérios danos à saúde.

“As empresas fazem estudos dos produtos para não fazer mal a pessoas e a pets, por isso não é legal misturar”, explica Flávia Taulois, sócia do Ateliê Casa, empresa especialista em higienização.

O que acontece se você misturar?

 

Segundo Ana Maria Costa Ferreira, professora do Instituto de Química da USP, todo produto de limpeza precisa ser fiscalizado por um responsável técnico antes de ir para as lojas.

“É esse técnico que vai indicar as especificações de como o produto deve ser usado e verificar o nível de pH”, afirma Ferreira, que também é conselheira do Conselho Regional de Química da 4ª região (CRQ-IV).

A escala de pH, ou potencial de hidrogênio, é usada para medir a acidez ou alcalinidade de soluções aquosas, ou seja, de líquidos. Ela varia de 0 a 14 e substâncias com pH de valor 7 são consideradas neutras.

“Cada produto tem seu nível de pH próprio, que pode ser ácido (abaixo de 7) ou alcalino (acima de 7)”, diz a especialista.

“Na química, as substâncias sempre tendem ao equilíbrio, então, se dois produtos forem misturados, eles podem neutralizar um ao outro, tirando as propriedades de limpeza”, explica Ana Maria Ferreira.

 

Além disso, a neutralização pode fazer com que as substâncias usadas na confecção de produtos de limpeza sejam liberadas no ar.

Por exemplo: a água sanitária é feita com gás cloro – que causa asfixia no ser humano – borbulhado na água e estabilizado com soda, o que deixa a solução altamente alcalina.

Combiná-la com produtos mais ácidos, como o vinagre, pode reverter a reação e soltar o gás tóxico no ambiente.

Outra mistura comum é a da água sanitária com amoníacos, presentes em detergentes, desengordurantes e produtos do tipo multiuso.

“Amoníacos têm pH alcalino, mas menor que o da água sanitária. Se a mistura ficar muito alcalina, pode começar a soltar gás amônia e atordoar a pessoa. O cheiro também é muito pungente e desagradável”, explica Ferreira.

O que não mata limpa?

 

Mesmo que algumas misturas pareçam não ser perigosas, não adianta querer usá-las achando que a limpeza vai ser melhor.

Mesmo sem liberar gases tóxicos, a reação química ainda acontece e os produtos perdem parte das substâncias responsáveis pela ação da limpeza.

É o caso da combinação entre vinagre e bicarbonato de sódio, por exemplo. “O bicarbonato é formado pelo acréscimo de gás CO2 na água. Com o vinagre, ele vai ficar mais ácido e liberar o CO2”, explica Ferreira.

“Pode não causar tanto problema, pois já vivemos respirando esse gás na atmosfera, mas enfraquece as propriedades dos dois produtos”, completa a especialista.

Qual é a alternativa? Se você está lidando com uma sujeirinha chata e quer usar dois produtos indicados como solução, tente usar primeiro um, depois o outro.

“Não tem problema se você usar um, limpar com água ou um pano úmido e só depois usar o outro”, diz Ferreira. “Mas tem que passar esse pano entre os dois, para ter certeza que não vai misturar”.

Outra questão importante é tomar os cuidados básicos de segurança na hora da faxina. “Use luvas, para evitar contaminação biológica, e sapatos antiderrapantes, para não cair”, alerta Flávia Taulois.

E sempre leia com atenção as indicações e contraindicações nos rótulos dos produtos. Elas são produtos de testes e estudos conduzidos por profissionais.

Fonte – G1