Dinheiro foi encontrado na casa de um empresário de Palmas - Foto - Reprodução Globo News

Dinheiro foi encontrado na casa de um empresário de Palmas – Foto – Reprodução Globo News

A Polícia Federal cumpriu, nesta quinta-feira, 29, mandados de busca e apreensão no Tocantins como parte da Operação Lesa Pátria, que investiga a organização e financiamento do ato antidemocrático que bloqueou a Ponte da Integração entre Palmas e Luzimangues, em 2022. Confira abaixo o papel de cada investigado, conforme apuração da PF:

O ministro Alexandre de Morais, do STF, autorizou a execução de dez mandados para suspeitos ligados ao bloqueio. Dois dos investigados, Nelcivan Costa Feitosa e Bruno Figur, já haviam sido alvo de apreensões anteriormente e não foram visitados nesta quinta-feira. Seguem sob investigação.

Durante as buscas, foram apreendidos aproximadamente 110 mil dólares e 26 mil euros, além de 77 armas na posse de Frederico Moraes de Barros Carvalho, um dos investigados. Ele teria sido responsável por levar pneus para o bloqueio da ponte, mas negou as acusações.

Veja o envolvimento de cada investigado, segundo a PF:

  • Nelcivan Costa Feitosa e Thiago Marasca Moura: Principais lideranças dos bloqueios, membros do “Grupo manifesto Palmas ponte”.
  • Celso Montoia Nogueira: Responsável por abastecer de suprimentos os manifestantes.
  • Zuleica Silva Negri Barros: Líder religiosa do grupo, adepta do discurso de ódio.
  • Frederico Moraes de Barros Carvalho: Proprietário do veículo usado para transportar pneus para a ponte.
  • Gleydson Ricardo Martins Torres: Responsável por propagar reivindicações e incentivar adesões.
  • Valter da Rocha Nogueira Junior: Organizador das caravanas do grupo para Brasília e captador de recursos.
  • Bruno Figur: Titular da conta bancária para recebimento de recursos via PIX.
  • Clauber de Abreu Martins: Coronel da PM com conta PIX para captação de recursos.
  • Sebastião Alves Junior: Recebedor de recursos via PIX para custeio das atividades.

O bloqueio da Ponte da Integração ocorreu entre 31 de outubro e 2 de novembro de 2022, causando transtornos à população. A PM informou que está acompanhando o caso e abrirá procedimento para apurar condutas de policiais militares envolvidos.

O que dizem os investigados e a Polícia Militar

 

Frederico Moraes de Barros Carvalho:

O senhor Frederico Moraes de Barros Carvalho Possui dupla cidadania, a brasileira e americana, tendo morado na América por mais de 30 anos, retornando ao Brasil em 2021. Em sua mudança trouxe como bens de família, dentre eles uma coleção bélica legalmente adquiridas nos Estados Unidos. Após os trâmites legais, embarcados para o Brasil com a toda documentação, tendo sido vistoriadas pela Receita Federal pelo Exército Brasileiro e pela própria Polícia Federal no Porto seco de Anápolis/GO para o desembaraço. Após a chegada da mudança em Palmas/TO, a Polícia Federal e o exército fizeram outra inspeção em loco aferindo e conferindo as informações do desembaraço em Anápolis/Goiás. Sendo assim, as armas foram legalmente nacionalizadas como bens de família, e por isso, isenta de tributação. No mesmo sentido, o dinheiro apreendido na operação da Polícia Federal denominada de lesa Pátria, deu entrada no Brasil por meio de declaração a Receita Federal, sendo inequívoca a origem e procedência do recurso. No mesmo sentido veio para o Brasil o veículo Hummer na condição de veículo de colecionador, também legalmente nacionalizado. O senhor Frederico Moraes de Barros Carvalho Nunca foi a nenhuma manifestação em Brasília ou qualquer cidade do país, não esteve em Brasília no 8 de janeiro de 2023, não financiou ou bancou as suas espensas qualquer manifestação ou acampamento, nem mesmo naquela ocorrida em outubro de 2023. O mesmo, nunca montou acampamento em nenhuma Unidade do Exército Brasileiro ou em qualquer lugar participando de qualquer manifestação. A sua presença no outubro de 2023 foi apenas para atender ao pedido de conhecidos para o transporte de alguns pneus para que as pessoas que lá estavam pudessem organizar o trânsito para evitar acidentes reduzindo o fluxo de veículos na ponte Fernando Henrique Cardoso, e em seguida retornou a sua casa. Por fim, deve ser registrado que a operação transcorreu de forma amistosa e respeitosa por parte da Polícia Federal, com a total colaboração do senhor Frederico Moraes. inclusive, se qualquer ilegalidade fosse encontrada seja referente às armas ou ao dinheiro em espécie, certamente teria ocorrido uma ordem de prisão.

Clauber de Abreu Martins

Ele conversou com a equipe da TV Anhanguera sobre os atos em Palmas e o teor do depoimento que prestou aos federais.

“Viemos para cá para esclarecer o movimento que teve lá no QG. Basicamente eles estão atrás dos financiadores e dos baderneiros que estiveram lá em Brasília. E a gente veio para esclarecer a participação real nossa, de cada um de nós em relação a isso aí. Mas em relação à nós, à minha pessoa em si… Tem um agravante aí, mas eu deixo a Polícia Federal esclarecer depois. Mas isso aí não significa que a minha participação seja uma participação efetivamente um ato de 8 de janeiro, né, que onde teve a gravidade maior. Graças a Deus eu tenho a consciência limpa”, explicou o militar.

Valter Nogueira

Também estava na sede da PF nesta quinta-feira e falou sobre da participação nas manifestações.

“Eu participei de manifestações pacíficas em Palmas, no QG, na ponte. Porém, não fizemos nada de quebradeira, não participamos do ato de 8 de janeiro em Brasília. Enfim, estamos aqui para esclarecer qualquer coisa que a polícia perguntar”, disse.

Thiago Mascara Moura

O conferencista Thiago Marasca Moura, afirma que a polícia apreendeu celulares, notebooks e documentos dele e da esposa na casa dele.

“No dia 8 de janeiro eu já tinha saído das manifestações, eu não estava em Brasília. Estou sendo investigado por participar das manifestações aqui na Ponte Fernando Henrique Cardoso. Que foram manifestações pacíficas, ao meu ver, democráticas e que expressavam a opinião do povo. Eu estava lá como manifestante, entretanto muitas pessoas gostam de olhar para mim como líder, mas não havia um coordenador”.

Nelcivan Costa e Bruno Figur preferiram não se posicionar. Celso Montoia Nogueira, por meio dos advogados, afirmou que não participou da organização e nem do financiamento de bloqueio de qualquer rodovia ou ponte.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos demais investigados.

Nota da Polícia Militar do Tocantins

A Polícia Militar do Tocantins informa que acompanhou, nesta manhã do dia 29/02, cumprimento de Mandado de Busca e Apreensão, realizado pela Polícia Federal, na residência de um policial militar. A ação ocorreu em virtude de desdobramentos da Operação Lesa-pátria.

A instituição formalizará pedido à Polícia Federal, solicitando mais informações sobre a Operação e as suspeitas de envolvimentos de policiais militares, a fim de subsidiar abertura de Procedimento Administrativo para apurar as condutas.