Foto: Alex McCarthy/Unsplash

Sair para uma breve corrida de dez minutos pode fazer bem ao seu cérebro — e até à sua saúde mental. Segundo um novo estudo, a prática aumenta o fluxo de sangue no córtex pré-frontal bilateral, melhorando o humor e as funções cognitivas.

A descoberta, publicada no último dia 22 de novembro no jornal Scientific Reports, foi liderada por pesquisadores da Universidade de Tsukuba, no Japão. Os especialistas acompanharam sessões de corrida de 26 participantes saudáveis, avaliando as alterações na atividade cerebral deles.

Os cientistas utilizaram o teste neuropsicológico Stroop Color-Word Test (SCWT) nos indivíduos. O exame avalia a capacidade das pessoas de evitar o “Efeito Stroop”, que ocorre quando o cérebro está processando um estímulo específico e isso impede que haja o processamento simultâneo de um outro estímulo.

Para avaliar isso, o teste trabalha com uma relação de cores. Por exemplo, enquanto cada voluntário corria, a palavra vermelho aparecia escrita em verde, mas a pessoa só podia nomear a cor que enxergava em vez de ler a palavra escrita.

Tal tarefa parece simples, mas pode haver confusão, já que o cérebro deve processar os dois conjuntos de informações e inibir o que parece estranho. Mesmo assim, após dez minutos de corrida de intensidade moderada, houve uma redução no tempo de interferência causada pelo “Efeito Stroop”. Ou seja, houve menor “atraso” para os voluntários darem respostas.

Além disso, a ativação do córtex pré-frontal bilateral aumentou durante a atividade física, e os participantes relataram também estar mais bem-humorados depois da corrida. Chorphaka Damrongthai, primeiro autor do estudo, lembra em comunicado que descobertas anteriores já haviam atrelado ativações iguais nas regiões pré-frontais envolvidas na regulação do humor.

“Dada a extensão do controle executivo necessário para coordenar o equilíbrio, o movimento e a propulsão durante a corrida, é lógico que haveria um aumento da ativação neuronal no córtex pré-frontal e que outras funções nessa região se beneficiariam com esse aumento nos recursos cerebrais”, afirma Hideaki Soya, que contribuiu com a pesquisa.

No futuro, os cientistas acreditam que o estudo possa ajudar a desenvolver uma gama mais ampla de tratamentos para a saúde mental. E o achado pode ainda lançar luz sobre os possíveis benefícios da corrida no processo evolutivo dos seres humanos, dado que muitas características do córtex pré-frontal são restritas à espécie humana.

Fonte – Revista Galileu via Globo.com