O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sugeriu nesta quinta-feira (24) que o óleo que há mais de 50 dias mancha as praias do Nordeste pode ter sido derramado por um navio do Greenpeace. A declaração surge apenas um dia depois de manifestantes do Greenpeace terem sido presos após protestar contra o avanço do óleo na frente do Palácio do Planalto e poucas horas depois de o próprio ministro reafirmar que o resíduo partiu da Venezuela.

“Tem umas coincidências na vida né… Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano…”, escreveu Ricardo Salles no Twitter, junto com uma foto de um navio do Greenpeace. Veja:

O ministro do Meio Ambiente, que desde o protesto do Greenpeace tem criticado a organização ambientalista nas redes sociais, escreveu sobre essa possibilidade durante uma visita ao Nordeste. Ele foi à região analisar o impacto do vazamento de óleo junto com o presidente em exercício, Davi Alcolumbre, e senadores da região. E virou alvo de críticas nas redes sociais assim que publicou o tuíte acusando o Greenpeace pelo óleo.

“Você segue fazendo acusações irresponsáveis, sem provas e fantasiosas nas redes sociais enquanto o próprio povo nordestino se arrisca limpando as praias com as próprias mãos. Você não está à altura do cargo que ocupa, é um completo irresponsável. Vai trabalhar, ministro!”, reclamou o Psol nas redes sociais.

“O ministro do meio ambiente está insinuando que o Greenpeace derramou o óleo que contamina as praias do Nordeste. Além de leviano, é patético. Gesto de desespero de quem sabe não ter mais nenhuma condição de seguir no cargo. Renuncie, ministro. O Brasil será melhor sem o senhor”, escreveu a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP). “Enquanto a população do Nordeste e os governadores da região enfrentam de peito aberto o derramamento de óleo nas praias, o Sinistro do meio-ambiente, do partido Novo, se presta a esse papel de moleque. Este governo é uma vergonha”, acrescentou Manuela d’Ávila (PCdoB-RS).

O Greenpeace ainda não se manifestou sobre a declaração do ministro do Meio Ambiente, mas antes disso voltou a fazer críticas sobre a ação do governo federal no combate ao problema, que, no entendimento da ONG, foi tardia e ineficiente.

“O óleo no Nordeste e a destruição da Amazônia mostram as consequências do desmonte ambiental promovido pelo governo, prejudicando a imagem do país. Os impactos são gravíssimos para os oceanos, a Amazônia e a vida das pessoas”, escreveu o Greenpeace no Twitter. “Enquanto o óleo se espalha pelo Nordeste e nenhum plano de combate ao desmatamento é apresentado, Bolsonaro foi para o Japão. Mas nossos ativistas fizeram protestos em Brasília e até em Tóquio para denunciar sua inação e cobrar sua responsabilidade”, acrescentou a organização, que chegou a ter manifestantes presos em Brasília nessa quarta-feira (23). A prisão ocorreu depois que um grupo de ativistas derramou óleo na frente do Palácio do Planalto em protesto a ação.

Venezuela

Antes de acusar o Greenpeace pelo derramamento de óleo, Salles e outros integrantes do governo federal vinham afirmando que o resíduo é da Venezuela. “Chegamos a Alagoas e depois Sergipe, para mais uma vistoria das ações de controle do óleo venezuelano”, escreveu Salles no Twitter na manhã desta quinta-feira, poucas horas antes de falar sobre o navio do Greenpeace.

Na noite dessa quarta-feira (23), ao fazer um pronunciamento na cadeia nacional de televisão para falar sobre as ações que vêm sendo tomadas pelo governo federal em relação a esse desastre ambiental, Salles também falou que o óleo era venezuelano. Ele chegou até a anunciar que o governo federal vai acionar a Organização dos Estados Americanos (OEA) para exigir que a Venezuela se manifeste sobre o vazamento.

Greenpeace revida

Acusado de ter vazado óleo no Nordeste pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles; o Greenpeace disse que o ministro tem mentido sobre o desastre ambiental que atinge o litoral brasileiro para “esconder sua incompetência em agir e proteger as pessoas e o meio ambiente”. “Sua postura não é digna do cargo que ocupa”, criticou o Greenpeace, que promete tomar todas as medidas legais cabíveis contra a declaração de Salles.

“Enquanto o óleo continua atingindo as praias do Nordeste, o ministro Ricardo Salles nos ataca insinuando que seríamos os responsáveis por tal desastre ecológico. Trata-se, mais uma vez, de uma mentira para criar uma cortina de fumaça na tentativa de esconder a incapacidade de Salles em lidar com a situação. É bom lembrar que isso vem de alguém conhecido por mentir que estudava em Yale e ser condenado na Justiça por fraude ambiental”, rebateu o Greenpeace, que está analisando quais medidas legais podem ser tomadas contra Salles. “As autoridades têm que assumir responsabilidade e responder pelo Estado de Direito pelos seus atos”, argumentou a organização não governamental em nota.

Fonte: Congresso em Foco