Instituto Federal do Tocantins Campus Dianópolis – Foto – Divulgação

Lucas Eurilio

Um servidor do Instituto Federal do Tocantins (IFTO), denunciou nesta quarta-feira, 23, um caso de homofobia institucional – que acontece dentro de instituiçoes, escolas, órgãos públicos ou privados, etc – por parte de um professor e de colegas de trabalho. Ele preferiu não se identificar por medo de retaliações.

Tudo começou depois que o setor de Saúde do IFTO encaminhou por e-mail institucional, um flayer sobre um evento do Orgulho LGBTQIA+.

Logo depois da divulgação, alguns e-mails começaram a chegar,e em um deles, um professor usa o discurso da religião, para atacar o Evento.

“Que Deus tenha misericórdia do seu povo”.

Houveram cometários de apoio, parabenizando a iniciativa, mas em seguida, os ataques começam novamente.

“É interessante perceber que aqui fala-se muito em Liberdade, Respeito e Diversidade, mas, apenas se o pensamento for igual ao de quem proferiu a fala….Eu posso, E SOU contra relações homoafetivas… Lembrando que existem pessoas não cristãs que também se opõem”, diz trecho do email enviado por outro servidor.

Em conversa com a nossa equipe, o denunciante contou que esse tipo de preconceito é recorrente.

“É aquela coisa, você aguenta até certo ponto. Provalmente nunca houve esse tipo de evento nesse Câmpus ou no âmbito da Instituição”.

O professor que começou o ataque teria sido alertado de que poderia estar sendo homofóbico, mas ainda assim continuou.

“Quando ele foi avisado, ainda mandou outra mensagem dizendo que Deus ama o pecador, não o pecado”.

Após o incidente, o servidor que denunciou o caso respondeu ao professor que era apenas um convite.

“A mensagem é um convite e apenas isso. O senhor não precisa comparecer. As suas respostas ‘religiosas’ denotam um processo que não está em jogo. Nenhum servidor desta instituição, seja qual for a orientação sexual, está negociando a sua identidade com o senhor… Guarde esse Deus e vingança, ódio, violência, homofobia e transfobia”.

O trabalhador disse que depois de responder, o professor parou de falar sobre o assunto.

O caso foi exposto pelo perfil @projeto_assunta e pelo Coletivo Somos que cobrou uma postura do Instituto sobre o ocorrido

O caso repercute nas redes sociais e vários LGBTQIA+ tem demonstrado apoio à causa. Os ataques acontecem em meio ao mês da Visibilidade, onde pessoas da Comunidade lutam por direitos iguais, pela vida e buscam mais dignidade.

Nossa equipe entrou em contato com o IFTO questionando quais serão as medidas tomadas contra o episódio e se o professor e outros servidores serão punidos.

Em nota o órgão disse que sobre as trocas de e-mails ocorridas no âmbito institucional, decorrentes do convite para o evento “Live: #Orgulho LGBTQIA+: diversidade e saúde, de iniciativa da unidade de Dianópolis, o Instituto Federal do Tocantins (IFTO) esclarece que preza pelo respeito à diversidade sexual e aos direitos da população LGBTQIA+, e repudia quaisquer manifestações de discriminação, preconceito, homofobia e transfobia no meio acadêmico ou administrativo.

Enfatiza ainda que o ambiente escolar deve pautar pela discussão e promoção do conhecimento que assegurem a formação de cidadãos plenos em seus direitos e deveres, de modo a fomentar alternativas para a consolidação de uma sociedade cada vez mais plural, democrática e justa.

Informa também que possui, à disposição da comunidade interna e externa, os canais da Ouvidoria, Corregedoria e Conselho de Ética, com meios e mecanismos legais para denúncias e apurações correlatas.

Por fim, manifesta apoio e solidariedade aos que se sentiram atacados por posturas intolerantes, que não condizem com a missão e os valores do IFTO.

Homofobia é crime

O Brasil é o país que mais mata LGBTs no mundo. Em 2020, pelo 12° ano consecutivo fomos o país que também mais assassinou – e ainda assassina –  travestis e pessoas transexuais.

Desde de que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em criminizar a homofobia e transfobia, em 13 de junho de 2019, a comunidade vem sofrendo perseguições, ataques e os crimes não param – o que segundo muitos é mimimi – de acontecer.

Dados da ONG SaferNet apontam ainda que em 2021 ,os casos de homofobia na internet aumentaram 106% entre janeiro e a metade de junho.

Vale lembrar que a prática desses crimes pode levar a 5 anos de prisão.

O que diz o IFTO sobre o caso

Em nota, o Instituto Federal do Tocantins (IFTO) esclareceu que preza pelo respeito à diversidade sexual e aos direitos da população LGBTQIA+.

Ressaltou que repudia quaisquer manifestações de discriminação, preconceito, homofobia e transfobia no meio acadêmico ou administrativo.

Enfatizou ainda que o ambiente escolar deve pautar pela discussão e promoção do conhecimento que assegurem a formação de cidadãos plenos em seus direitos e deveres, de modo a fomentar alternativas para a consolidação de uma sociedade cada vez mais plural, democrática e justa.

Informou também que possui, à disposição da comunidade interna e externa, os canais da Ouvidoria, Corregedoria e Conselho de Ética, com meios e mecanismos legais para denúncias e apurações correlatas.

Por fim, manifestou apoio e solidariedade aos que se sentiram atacados por posturas intolerantes, que não condizem com a missão e os valores do IFTO.