No último sábado (5), a ministra Cármen Lúcia suspendeu, através de decisão monocrática, os efeitos da MP 1.135/2022. A própria ministra convocou a sessão virtual para referendar sua decisão.
A MP adiava o pagamento das leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2, que tratam de repasses ao setor cultural e de eventos após os impactos da paralisação da pandemia de Covid-19.
Segundo a magistrada, a edição da medida é inconstitucional e impede “prática das ações emergenciais para o apoio ao setor cultural”, o que piora os impactos que o setor já vinha sofrendo devido à pandemia da Covid-19.
Na decisão, Carmen Lúcia afirma que não há comprovação de relevância ou urgência para edição da Medida Provisória. A magistrada ainda diz “ter havido tratamento inconstitucional de matéria de finanças públicas, objeto obrigatório de Lei Complementar”.
A ação que resultou na decisão monocrática da ministra do Supremo é de autoria do partido Rede Sustentabilidade (Rede). O partido alega inconstitucionalidade na MP editada por Bolsonaro.
Repasse era previsto em até 90 dias
A expectativa era que as verbas fossem disponibilizadas neste ano, pois o texto da lei previa que estes repasses acontecessem em até 90 dias após a sua publicação. Porém, a medida do governo previa a verba para 2023 das Leis Perse e Paulo Gustavo, enquanto a Lei Aldir Blanc 2 seria paga a partir de 2024, parcelada até 2028.
A Medida também condicionava o repasse à disponibilidade orçamentária e financeira, o que pode dificultar que os valores sejam pagos, pois, caso a verba não seja integralmente repassada em 2023, o governo poderá postergar a ação para o ano seguinte.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a vetar as leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2, mas a decisão foi derrubada pelo Congresso em julho.
O repasse das verbas é destinado aos estados, municípios e ao Distrito Federal. A lei Paulo Gustavo prevê o repasse de até R$ 3,862 bilhões para o setor cultural. Já a Lei Aldir Blanc autoriza destinação para os estados e municípios no valor de no máximo R$ 3 bilhões por ano.
* Gabriela Bernardes e João Rosa, da CNN, contribuíram para esta reportagem