A partir de fontes como o Sol, supernovas – ou explosões estelares – e raios cósmicos, os neutrinos se espalham em bilhões de pequenas partículas pelo globo terrestre. As partículas, que não têm energia elétrica em sua composição, são capazes de atravessar qualquer obstáculo ou superfície sem impedimento. Pela primeira vez, esses elementos foram detectados por um telescópio do Observatório de Neutrinos IceCube, na Antártica. Além disso, os pesquisadores analisaram que as partículas foram originadas a partir de um buraco negro gigante.
O buraco negro, segundo os pesquisadores, faz parte da galáxia de rádio TXS 0506+056. Galáxias de rádio, assim como quasares e blazares de alto nível de transmissão, são exemplos de núcleos de galáxias que apresentam uma quantidade enorme de luz ao longo do comprimento de suas ondas de rádios.
Essa galáxia, em específico, se encontra lotada de processos energéticos, todos ativos. Um deles é o buraco negro gigante, que emite jatos de luz de maneira contínua, fazendo com que essa seja, possivelmente, a única galáxia de rádio que consiga produzir um neutrino constituído por energia.
Com cerca de 65 bilhões de neutrinos passando por cada centímetro quadrado do superfície da Terra a cada segundo, essas partículas são, depois dos fótons, as mais abundantes presentes no mundo. Silke Britzen, do Instituto Max Planck de Radioastronomia, que fica na Alemanha, disse em comentário no estudo que a descoberta do TXS 0506+056 foi algo pouco esperado. “Foi um pouco misterioso o motivo pelo qual apenas o TXS 0506 + 056 foi identificado como um emissor de neutrinos. Queríamos desvendar o que torna o TXS 0506 + 056 especial, entender o processo de criação de neutrinos e localizar o local de emissão, por isso [estudamos] uma série de imagens de rádio de alta resolução do jato”, informou Britzen.
Geralmente, os grandes jatos que originam buracos negros podem ser encontrados em diversas galáxias, e podem se prolongar a até um milhão de anos-luz, partindo do ponto emissor do buraco negro. No caso do rádio de galáxia estudado, que é o único a apresentar, até o momento, um neutrino energético, a explicação pode estar relacionada ao fato de ser um sistema binário – ou seja, não-energético e energético ao mesmo tempo.
Esse tipo de galáxia acontece em decorrência de uma colisão de galáxias, e os pesquisadores acreditam que esse é o caso do TXS 0506 + 056. A pesquisa foi publicada na revista Astronomy & Astrophysics.
Fonte: Exame