Voltada especialmente para a valorização dos povos quilombolas, com exibição de 02 filmes quilombolas/quilombistas, atividades de capacitação e exposição fotográfica que retratam o modo de vida quilombola, a “Toca: Mostra Itinerante de Cinema” chega à comunidade quilombola Lagoa da Pedra, na região de Arraias, se prepara para receber, na próxima quarta-feira, 18, às 18 horas. A programação promete encantar moradores e visitantes com a exibição de filmes, uma exposição fotográfica e a oficina de fotocomunidade.

Nesta edição, o evento segue com o objetivo de valorizar o patrimônio cultural e imaterial das comunidades quilombolas, promovendo o intercâmbio de saberes e estimulando produções audiovisuais locais. A última edição da Mostra aconteceu na comunidade quilombola Levantado, em Iaciara de Goiás, onde teve uma recepção calorosa do povoado e reforçou a importância de iniciativas que focam a democratização do acesso à arte e cultura.

 

De acordo com a responsável pelo projeto, a antropóloga, realizadora audiovisual e produtora executiva Lucinete Morais, o objetivo é valorizar do patrimônio imaterial, de forma a promover – através do cinema – o intercâmbio de conhecimentos quilombolas e estimular as produções de narrativas audiovisuaiscom as comunidades. “Através da oficina de fotografia, por exemplo, buscamos valorizar o olhar dos jovens para as referências culturais ainda presentes nas comunidades, seja relacionado ao trabalho, ao alimento, à religiosidade, às relações comunitárias”, complementa.

Para Lucinete Morais, a Mostra vai além do entretenimento. “Queremos que os jovens e as comunidades quilombolas se apropriem de ferramentas como o cinema para contar suas próprias histórias. A oficina de fotocomunidade, por exemplo, incentiva o olhar sensível para as tradições, o território e as vivências comunitárias, fortalecendo ainda mais os laços culturais”, destacou.

 

Projeto

 

A Mostra é viabilizada por meio do investimento da Lei Paulo Gustavo (LPG), com o apoio da Secretaria Estadual da Cultura e Ministério da Cultura. O lançamento do projeto aconteceu no mês de Agosto, em Araguaína, e posteriormente circulou pelas cidades de Aparecida de Goiânia, Iaciara de Goiás, Gurupi, Chapada de Natividade, Natividade, Dianópolis e Arraias.

A iniciativa partiu da experiência de Lucinete Morais como antropóloga, pesquisadora, educadora popular e realizadora audiovisual. “Me deparei com as comunidades quilombolas tocantinenses muito distantes de eventos culturais a partir da exibição de filmes, sendo que a maioria das cidades do Tocantins não tem uma sala de cinema para exibição, e, por outro lado, a dificuldade em tornar conhecidos e acessíveis os filmes produzidos no interior do Brasil que refletem as tradições, o território e o patrimônio cultural das comunidades”, justifica.

 

Filmes exibidos nas comunidades:

 

 

A SÚSSIA. Arraias–TO, 2018. Documentário (17m 05s).

Sinopse: Ao som de caixas, pandeiros e bumbos, mulheres e homens de todas as idades cantam, tocam, batem palmas, dançam, recriam as tradições e recontam sua própria história na Comunidade Quilombola Lagoa da Pedra. “O grupo é formado na comunidade quilombola Lagoa da Pedra por mulheres, crianças e homens. Um homem toca a caixa e o outro, bumba, as mulheres usam saias longas rodadas e floridas, um lenço amarrado na cabeça e dançam descalças. As pessoas do grupo sambam e cantam, os cantos que são cantados só na roda de samba”.

MARTA KALUNGA–GO, 2022. Documentário (30m).

Sinopse: Conduzidos pelo corpo/território de Marta, vamos de encontro com sua história, sua busca pela valorização da memória e preservação da cultura Kalunga, entremeadas por seu tear e dança da Sussa.