O Dia dos Povos Indígenas é um momento de comemoração, mas também de reflexão sobre a preservação do modo de vida e dos saberes ancestrais. Neste contexto, o desenvolvimento do turismo tem ganhado maior visibilidade em todo o País, como forma de garantir a sustentabilidade, a cultura e a cidadania.

O Ministério dos Povos Originários foi criado para atender aos anseios de uma população de quase 900 mil indígenas distribuídos em 827 municípios, registrando 305 etnias reconhecidas e 274 línguas distintas. O desafio de promover o diálogo entre o Governo Federal e toda essa população cabe à ministra Sônia Guajajara. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) chega no dia 19 de abril com nova nomenclatura e sua primeira presidente mulher e indígena, Joenia Wapichana.

No Tocantins, o IBGE estima uma população com cerca de 15 mil indígenas, distribuídos entre as etnias Karajá, Xambioá, Javaé (que formam o povo Iny), Xerente, Apinajè, Krahô, Krahô-Kanela, Avá-Canoeiro (Cara Preta) e Pankararu. Para atender às necessidades dessa população e também das comunidades quilombolas, o Governo do Tocantins criou a Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais, tendo Narubia Werreria Karajá como gestora.

Segundo o secretário de Turismo do Estado, Hercy Filho, o compromisso do governador Wanderlei Barbosa com as etnias tocantinenses passa pelo resgate de suas tradições e o turismo pode ter um papel fundamental neste desafio, tendo as pastas da Cultura e dos Povos como parceiros fundamentais no desenvolvimento de projetos.

“O mundo inteiro conhece a Amazônia, onde está localizada a maior população indígena do Brasil, somos um dos estados da região amazônica, nossa responsabilidade é fazer tudo para valorizar essas expressões culturais e o etnoturismo é um importante ativo”, explica Hercy Filho, ao lembrar a experiência do Rally Sertões em 2022, quando foram montados três acampamentos na Ilha do Bananal e ressaltando que um dos projetos e ampliar o acesso à internet nas aldeias.

A superintendente de Turismo, Fernanda Tainã, pontua que após a pandemia de Covid-19 houve aumento considerável de busca pelo turismo de natureza e pela interação com povos indígenas. “Especialmente turistas estrangeiros querem essa vivência, por isso o Etnoturismo é uma aposta do Governo Federal e também do Estado do Tocantins”, afirma.

 Experiências

A Secretaria de Turismo vem desenvolvendo projetos de Etnoturismo. O gestor público Marcos Miranda explica que a passagem do Rally Sertões propiciou a realização de capacitações jovens e líderes, a abertura e estruturação dos acampamentos. A proposta é que os próprios indígenas assumam a gestão dos roteiros. Na Ilha, os principais focos são as festas tradicionais, as trilhas, a pesca esportiva, a observação de aves e outros animais da região.

Operador de turismo na região, o empresário Leonardo Azevedo conta que seu roteiro de visitação à Ilha do Bananal inclui um pernoite na floresta, trilhas, observação de pássaros e visitação a aldeias Javaé e Karajá.

“O etno se encaixa como complemento, tendo em vista que estamos na maior Ilha fluvial do mundo, que abrange a Terra Indígena Parque do Araguaia, sendo uma necessidade a visita às aldeias para conhecer as características dos povos locais”, revela.

Ainda de acordo com Leonardo Azevedo, este trabalho também inclui uma mudança de percepção do turista em relação aos povos originários. “Assim como nós, eles também querem seus direitos e conforto, cabe a nós levarmos este entendimento, para que os turistas interpretem de forma positiva essa evolução indígena”, completa, ao lembrar que os estereótipos sobre as comunidades ainda é uma realidade.