Operação Canguçu – Foto – Polícia Militar do Tocantins/Divulgação
Desde que a caçada por um grupo criminoso que está escondido no Tocantins começou, a população das regiões oeste e sudeste do Tocantins estão se adequando às recomendações das forças de segurança. Mas os reflexos são sentidos principalmente por quem mora na zona rural, já que os confrontos aconteceram perto de fazendas, povoados e regiões de mata.
O bando passou por Confresa (MT) atirando pelas ruas e provocando medo na população. Uma empresa de transporte de valores e uma base policial foram invadidas pelos criminosos. No Tocantins, o grupo está sendo procurado desde o dia 10 de abril, quando chegaram no estado por meio de barcos pelos rios Araguaia e Javaé.
O medo passou a fazer parte do cotidiano para os moradores das cidades de Pium, Marianópolis e Araguacema, principalmente na zona rural, onde foram registradas as trocas de tiros que resultaram na morte de seis suspeitos e prisão de um. Desde então, a orientação da Operação Canguçu é que se evitem estradas vicinais da região. Bloqueios policiais estão nesses locais e em rodovias como a TO-080.
Centro de Pesquisa
Com os primeiros embates aconteceram nas proximidades do Centro de Pesquisa Canguçu, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), turistas estrangeiros e funcionários precisaram ser retirados às pressas da unidade na segunda-feira (10).
Até sexta-feira (14), mais confrontos aconteceram. Os criminosos abordaram funcionários de fazendas da região e dois homens foram mortos e um acabou preso.
No domingo (17), o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) visitou posto de comando da Operação Canguçu, em uma fazenda na zona rural de Marianópolis. Ele citou que ação criminosa na região tem atrapalhado a colheita nas fazendas, devido à insegurança.
Wanderlei Barbosa, ao centro, visitou base de operação em fazenda — Foto: Governo do Tocantins/Divulgação
Aulas suspensas
Na segunda-feira (17) os municípios da região começaram a suspender alguns serviços, justamente para evitar a possibilidade de a população correr riscos. O prefeito de Marianópolis, Isaias Piagem (DEM), publicou um decreto suspendendo as aulas, o atendimento médico e transporte de moradores da zona rural.
Também foi suspenso o transporte dos produtores da quinzena realizada pela Secretaria Municipal de Agricultura e ainda o trânsito de jogadores que participam do Campeonato Municipal de Futebol de Campo. O decreto está valendo enquanto durar a ação das forças de segurança na região.
Em Araguacema, três unidades escolares também tiveram as aulas suspensas até que se estabeleça um ambiente seguro para alunos, profissionais da educação e toda a comunidade.
Moradores de Araguacema temem ação de bandidos — Foto: Reprodução/Google Street View
Escolta
Nesta quinta-feira (20), uma equipe de saúde de Pium precisou ser escoltada para socorrer um paciente em estado grave por suspeita de chikungunya. A passagem de veículos nas áreas de conflito está sendo feitas apenas após vistorias e com escolta da polícia. Os veículos precisam esperar até que as viaturas consigam acompanha-los ao destino final.
No povoado Café da Roça, em Pium, o comerciante Bráz Rodrigues Moreira, de 72 anos, relatou o medo da situação. “O povo anda com medo. Está tudo parado. A gente se sente muito oprimido de ficar aqui sem poder sair. Meus meninos precisam trabalhar e não tem jeito”.
Ambulância aguardando escolta para busca paciente em assentamento de Pium — Foto: Ana Paula Rehbein/TV Anhanguera
Bloqueios nas estradas
Os bloqueios policiais nas rodovias estaduais da região começaram logo após o início das buscas. Na TO-080, os motoristas estão sendo parados e os carro e caminhões são vistoriados.
Os bloqueios policiais foram reforçados após confronto que aconteceu no fim da tarde de sexta (14) em uma fazenda já na divisa do Pará com o Tocantins. Com isso, no domingo (16), um homem de 37 anos foi detido com um revólver calibre .38 e seis munições intactas por policiais que fazem parte da Operação Canguçu em Pium.
Caçada
De acordo com a Polícia Militar (PM), pelo menos cinco criminosos ainda estão escondidos no Tocantins e uma força-tarefa composta por 350 policias civis e militares do Tocantins, Pará, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais está fechando o cerco para localizar o bando.
Policiais estão fazendo buscas em estradas vicinais da região de Pium — Foto: Divulgação/PM
Durante a operação foi apreendido um verdadeiro arsenal com capacetes e coletes, armamento pesado e munições de uso restrito das Forças Armadas, por serem utilizados em guerra. Todo o material deverá ser entregue às polícias de Mato Grosso, onde o grupo começou a ação criminosa.
Um vídeo divulgado pela polícia mostrou a intensa troca de tiros em uma área de mata. Segundo a PM, devido ao risco de emboscada os militares resolveram esperar o amanhecer para fazer a busca pelos corpos devido ao risco de novos tiroteios. Nenhum policial se feriu durante os confrontos com criminosos.
Material apreendido durante força-tarefa na zona rural de Pium — Foto: Divulgação/PM
Fonte – G1 Tocantins