“Nossos antepassados lutavam para defender o que era deles, agora vocês estão aqui porque são nossos amigos”. As palavras do Cacique Dakburôikwa Xerente ecoaram na área já desmatada de 80×50 metros localizada na Aldeia Ktẽpo, distante cerca de 60 km de Tocantinía, que até o próximo ano estará abrigando o Centro de Fortalecimento da Cultura Xerente. O lançamento oficial do projeto controu com a presença da Agência de Desenvolvimento do Turismo e Economia Criativa (Adetuc), representantes dos clãs da etnia, da Prefeitura de Tocantínia, do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), e deverá ser um marco na preservação e difusão cultural da etnia, bem como um receptivo para o etnoturismo.

Conforme Srewe Xerente, presidente da União Indígena Xerente (UNIX), o projeto é financiado com recursos do Banco Mundial, por meio do Projeto BGM Brasil – Mecanismo de Doação Dedicado a Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais no âmbito do Programa de Investimento Florestal. A obra, que lembra o formato da copa de uma árvore, incluirá um centro de convivência central e seis krys (casas) nas laterais, cada uma simbolizando um dos clãs Xerente.

Srewe lembra ainda que o projeto envolve inicialmente 12 aldeias das 85 aldeias Xerente, sendo que a Ktẽpo foi escolhida para receber a obra por sua localização no centro do território indígena e como uma deferência ao ancião Dakburôikwa, de 76 anos e detentor da sabedoria do seu povo. “Um ancião é uma biblioteca para a gente”, explica o presidente da UNIX, lembrando que o projeto também inclui permacultura, desenvolvimento de oficinas de saberes tradicionais e desenvolvimento de roteiros turísticos. “Queremos garantir a autonomia Akwen, com geração de emprego e renda”, completa, lembrando que os Xerente se autodenominam Akwen.

O projeto arquitetônico é assinado por Tomaz Lotufo, da SemMuros Arquitetura Integrada, escolhido por meio de edital. O arquiteto esteve na Aldeia Ktẽpo em julho, para realizar oficinas com a comunidade, que opinou ativamente no desenvolvimento do projeto, e apresentou sua proposta durante o lançamento oficial. “A ideia é praticar a cultura Xerente e receber turistas neste espaço de convivência”, revelou.

Representando a Adetuc, a gerente de Fomento e Promoção da Cultura, Lívia Iwasse, enfatizou o apoio do Governo do Estado que, por meio da Agência tem desenvolvido vários projetos voltados para a preservação cultural e cidadania dos povos tocantinenses.

Segundo o superintendente de Cultura, Álvaro Júnior, entre os projetos que irão contemplar as etnias tocantinenses está o Aldeia Cidadã, o resgate das danças tradicionais e aulas de música, que deverão ser implatados em breve.  “Estamos trabalhando para oferecer aos indígenas melhor qualidade de vida, o fortalecimento da cultura, o incentivo a projetos voltados para a geração de emprego e renda”, resume.

O presidente da Adetuc, Tom Lyra, enfatiza a importância do etnoturismo no contexto do resgate cultural e da geração de renda. “O Brasil tem uma oferta muito baixa de postos de trabalho para os indígenas que vivem nas cidades, por isso é fundamental o fomento a ações que visem mantê-los em suas comunidades, mas com qualidade de vida”, pontua, lembrando que os projetos contam com o apoio do governador Mauro Carlesse, que inclusive já abriu as portas do Palácio Araguaia para ouvir demandas de algumas etnias.–

Fotos: Adetuc / Governo do Tocantins

fonte: Secom TO