
Há quase um mês e 15 dias afastado da chefia do Palácio Araguaia, o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) tornou-se alvo de três pedidos de impeachment protocolados nesta quinta-feira, 16. Dois deles foram apresentados pelo vereador de Palmas, Carlos Amastha, enquanto o terceiro foi encaminhado pelo advogado Paulo Roberto da Silva, que atua em Araguaína.
O documento apresentado por Paulo Roberto reforça as conclusões da Operação Fames-19, conduzida pela Polícia Federal, que apontou fraudes na contratação de empresas para fornecimento de cestas básicas e frangos congelados durante a pandemia de Covid-19. Segundo a investigação, a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), ligada politicamente a Barbosa, teria permitido execução parcial dos contratos, enquanto o governador afastado teria recebido valores ilícitos a título de propina.
No pedido de impeachment, estão detalhados os principais elementos da denúncia: recebimento de recursos por empresários envolvidos, ocultação de dinheiro em espécie, uso de servidores públicos como operadores financeiros, e a construção de uma pousada em Taquaruçu que teria servido para lavagem de dinheiro, envolvendo recursos na ordem de R$ 24 milhões em dois anos.
Além disso, o documento revela a existência de um núcleo criminoso liderado por Paulo César Lustosa Limeira, ex-marido da primeira-dama Karynne Sotero, que comandava um “balcão de negócios” dentro do governo e manteve operações ilegais até o primeiro semestre de 2024.
O advogado lembra que o Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao determinar o afastamento de Wanderlei, reconheceu a gravidade excepcional das condutas, destacando a contemporaneidade e a atualidade do esquema de desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.
Os crimes apontados no pedido incluem contravenções contra a probidade administrativa, má gestão do dinheiro público e obstrução da justiça, especialmente pela tentativa de apagar mensagens trocadas com Paulo César e forjar documentos contábeis da pousada.
Por fim, o pedido reforça que a medida cautelar do afastamento pelo STJ se justifica pela existência do risco permanente à investigação, devido à continuidade das tentativas de obstrução por parte do governador afastado. A peça jurídica enfatiza ainda a necessidade urgente do processo de impeachment para resguardar os interesses públicos e o rigor da lei.