Denúncia de venda de cirurgias no Hospital Regional de Guaraí gera repercussão na Assembleia e deve ser investigada

O deputado estadual Danilo Alencar (PL) trouxe à tona uma denúncia durante sessão da Assembleia Legislativa do Tocantins (Aleto) na última terça-feira, 18. Médico, o parlamentar relatou suposta cobrança ilegal de R$ 1,5 mil para realização de cesarianas dentro do Hospital Regional de Guaraí (HRG). Segundo ele, pacientes que se recusam a pagar são direcionados ao Hospital Dom Orione, em Araguaína, que possui convênio com o governo estadual.

A denúncia gerou repercussão no plenário. Amélio Cayres (Republicanos), presidente da Aleto, determinou o encaminhamento imediato da denúncia ao Ministério Público Estadual (MPE) e à Secretaria de Segurança Pública (SSP). O líder do governo, Ivory de Lira (PCdoB), reforçou a necessidade de apuração e sugeriu que o caso também fosse encaminhado ao Conselho Regional de Medicina (CRM), proposta que foi acatada pela Mesa Diretora.

O deputado Olyntho Neto (Republicanos) defendeu a investigação, mas alertou para a necessidade de cautela: “Às vezes, a denúncia feita na tribuna acaba inibindo e atrapalhando o processo investigativo. Se não trouxer elementos concretos, pode acabar sem sequência.” Já Luciano Oliveira (PSD) reforçou a importância de provas concretas antes de qualquer julgamento: “Se falamos algo sem provas concretas, isso pode acarretar consequências sérias.”

Outros parlamentares, como Winston Gomes (PSD) e Júnior Geo (PSDB), também cobraram rigor na apuração do caso. Geo destacou que a denúncia deve ser levada ao Ministério Público e à Polícia Civil para que medidas cabíveis sejam tomadas.

Diante das manifestações dos colegas, Danilo Alencar garantiu que possui relatos de pacientes que pagaram pelas cirurgias e reafirmou que a suposta prática ocorre sem o conhecimento do governador Wanderlei Barbosa, do secretário estadual da Saúde Carlos Felinto, ou do diretor do hospital.

O deputado afirmou que o esquema começa ainda no pré-natal realizado na rede particular, com médicos que encaminham as gestantes para realizarem o parto cesáreo no HRG mediante pagamento. Ele também denunciou que profissionais da enfermagem estão sendo coagidos a não falar sobre o assunto.

“A enfermagem e a técnica de enfermagem estão sendo reprimidos. Estão com medo de falar, só que eu não tenho. Vou falar onde achar o problema. Se precisar de pessoas que relatem que pagaram, eu tenho. Toda vez que falo, é porque já tenho alguém que me disse: ‘Paguei tanto pela minha cirurgia’.”

O que diz a SES

A Secretaria da Saúde do Tocantins (SES) afirmou, em nota, que os serviços realizados em unidades públicas não podem ser cobrados e destacou que não há registros formais da denúncia nos canais oficiais. No entanto, diante da gravidade da acusação, a pasta informou que determinou a apuração do caso pela área técnica responsável.

Leia a nota da SES na íntegra

A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que os serviços realizados nas unidades assistenciais sob sua gestão são 100% gratuitos, conforme a legislação que rege o Sistema Único de Saúde (SUS), portanto, nenhum paciente pode ser cobrado por atendimentos e procedimentos.

Sobre a conduta apontada pelo referido parlamentar, a SES-TO destaca que não há registro de denúncias nos canais oficiais Pasta, mas já determinou à área técnica responsável, a verificação dos fatos, para os devidos procedimentos legais.

A Pasta orienta a população, para que em caso de conhecimento de cobrança por procedimentos no SUS, seja feita a imediata denúncia junto às autoridades policiais, para que os suspeitos sejam investigados e punidos criminalmente.

Por fim, a SES pontua que dispõe de canal direto com a população que pode registrar denúncias. Toda pessoa pode manifestar-se por meio da Ouvidoria do SUS, um canal seguro, para relatos de queixas e elogios a respeito dos serviços e acolhimentos recebidos nas unidades sob sua gestão. Os contatos são: (63) 3027-4340 e (63) 99932-0531 e e-mails: [email protected] e [email protected] .  As denúncias podem ser feitas de forma sigilosa e para todas elas, são abertos processos investigativos e tomadas as medidas legais cabíveis.

Palmas, 20 de março de 2025
Secretaria de Estado da Saúde”

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins