Empossada! Maria Santana faz discurso emocionado: “A UFT é o coração do Tocantins que bate forte quando uma mulher preta assume pela 1ª vez a Reitoria”

“Carrego comigo a certeza de que a UFT é coração do Tocantins. E esse coração bate forte quando uma mulher preta assume pela primeira vez a Reitoria dessa Instituição”, afirmou a nova reitora da UFT , Maria Santana no seu discurso de posse emocionado. Várias autoridades prestigiaram a cerimônia. 

Em seu discurso de posse, a professora doutora Maria Santana prestou uma homenagem a sua família, com ênfase para seus pais, exemplos de dignidade que a incentivaram a estudar e a vencer na vida. Relembrou sua origem humilde e exaltou os apoios que recebeu em sua trajetória vitoriosa.

A nova Reitoria da Universidade Federal do Tocantins, disse ainda, durante sua posse nesta quinta-feira, 13/11, que tem uma expectativa positiva sobre sua gestão, no sentido, principalmente, de trabalhar com a comunidade acadêmica e com a sociedade externa. “Trabalhar internamente, mas principalmente construir pontes, redes, com a comunidade externa”, afirmou.

“Estou muito feliz com a presença das pessoas, pessoas que às vezes nem sequer conhecemos, mas que estão aqui conosco. Deputados, senadores e a comunidade de um modo geral  da universidade. Só tenho a agradecer pelo carinho das pessoas comigo. E isso é recíproco. Eu tenho o maior carinho por essa comunidade aqui no Tocantins e da UFT”, ponderou.

Em uma universidade que mantém políticas de ação afirmativa para estudantes indígenas e quilombolas, sua chegada à Reitoria reforça o compromisso da UFT com a diversidade, representatividade e pluralidade — princípios que têm guiado sua expansão e atuação no território tocantinense.

Perfil – Maria Santana Milhomem, reitora da UFT

Filha de lavradores e criada na zona rural, Maria Santana construiu sua trajetória acadêmica e profissional apoiada na determinação e na força das mulheres de sua família. Entre o trabalho na roça, o cuidado com os irmãos e os estudos, encontrou na educação o caminho para transformar a própria realidade e a de outras pessoas. Começou a lecionar ainda no ensino médio, incentivada pela mãe, e nunca deixou a sala de aula.

Sua formação foi construída conciliando trabalho e estudo, enfrentando desafios financeiros, mudanças de cidade e a ausência de políticas de permanência estudantil — experiências que hoje fundamentam sua defesa por uma universidade inclusiva e atenta às desigualdades.

No mestrado, realizou uma pesquisa pioneira na comunidade indígena xerente, abordando gênero, violência simbólica e organização social. Essa vivência consolidou seu compromisso com a educação intercultural e com o diálogo entre universidade e povos e comunidades tradicionais, perspectiva que orienta sua atuação acadêmica.

Ingressou na UFT em 2011, como docente do curso de Pedagogia e, ao longo dos anos, ocupou diferentes funções de gestão. À frente da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (2016–2025), liderou ações que fortaleceram o tripé universitário, ampliaram a presença da Instituição no território e consolidaram políticas de enfrentamento ao racismo, ao assédio e às desigualdades. Também impulsionou a curricularização da extensão e a articulação com órgãos públicos, movimentos sociais e organizações da sociedade civil.

Doutora em Educação pela Universidade de Brasília, é professora do curso de Direito e do Programa de Pós-Graduação em Gestão de Políticas Públicas. Coordenou o FORPROEX/Norte e participou de redes nacionais ligadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).