Palácio Araguaia Jose Wilson Siqueira Campos - Foto: Carlos Eller/Governo do Tocantins
Palácio Araguaia Jose Wilson Siqueira Campos - Foto: Carlos Eller/Governo do Tocantins

_Total da suposta dívida de R$ 688 milhões é 54% menor que o divulgado, sendo parte dela referente a dívidas que vêm sendo roladas ano a ano desde 2015._

Um estudo feito pelos técnicos da Secretaria do Planejamento (SEPLAN) e a Secretaria da Saúde (SES) discorda dos argumentos que foram usados pela  gestão interina quando anunciou um suposto rombo de R$ 688 milhões que teria sido deixada por Wanderlei Barbosa e que ensejou um decreto de calamidade na saúde tocantinense.

Os números do estudo mostram que o total de despesas realizadas a pagar até setembro de 2025 totalizavam R$ 315 milhões, 54,2% menor que o anunciado pela própria gestão interina. Outros R$ 150 milhões correspondem a despesas não reconhecidas pelo estado, dizem respeito a dívidas prescritas e não comprovadas, sendo R$ 88,9 milhões referentes aos anos de 2015 a 2019, R$ 25,1 milhões entre 2020 e 2024 e R$ 36,3 milhões referentes a um banco de dados da Superintendência de Aquisição e Estratégias de Logística – SAEL.

Segundo os técnicos, a

gestão interina, teria considerado a projeção de despesas entre outubro e dezembro de 2025 que totalizam R$ 353,7 milhões como “dívidas” e divulgou através de uma coletiva de imprensa realizada no dia 06 de novembro deste ano, publicando o decreto de emergência no mesmo dia. Porém, sem divulgar o parecer técnico.

Segundo os técnicos da Seplan e da SES que confeccionaram o documento o intuito era demonstrar a diferença entre o que o estado recebe do Governo Federal e o que ele gasta com a saúde, para pleitear a reposição de R$ 200 milhões anualmente pela União.

Conforme esses mesmos técnicos a rolagem da dívida de um ano para o outro é de cerca de R$ 215 milhões e já ocorre há ao menos dez anos. Não sendo uma exclusividade da gestão Wanderlei Barbosa. Por isso mesmo, desde 2022, o Governo do Tocantins pleiteia junto ao Governo Federal a reposição do déficit com a União.

Os números agora serão esmiuçados pelo grupo de trabalho criado por Wanderlei Barbosa para analisar os atos da gestão interina e dar os encaminhamentos necessários para os órgãos de controle.

Os achados também devem ser compartilhados com a Assembleia Legislativa para as providências cabíveis, uma vez que há suspeita que  números falsos foram utilizados para lastrear o decreto de emergência na saúde tocantinense.