Willamara Leila de Almeida, ex-presidente do Tribunal de Justiça do Tocantins (Foto: Divulgação/Ascom)
Willamara Leila de Almeida, ex-presidente do Tribunal de Justiça do Tocantins (Foto: Divulgação/Ascom)

Treze anos após ser afastada compulsoriamente da carreira de desembargadora, a ex-presidente do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO), Willamara Leila de Almeida, afirmou em entrevista ao Estadão que ainda luta para reaver a toga e considera seu afastamento fruto de perseguição política.

“Sonho todos os dias! Vou voltar para concluir a missão que Deus me deu”, declarou. Aos 69 anos, Willamara insiste que não desistirá: “Passados quase 15 anos do meu afastamento, ainda não houve julgamento final do meu caso. Tenho ciência de que fui vítima de uma perseguição política, por isso quero um julgamento justo.”

Willamara presidia o TJTO em dezembro de 2010, quando foi deflagrada pela Polícia Federal a Operação Maet, que investigava suposta venda de sentenças e fraudes na liberação de precatórios. Ela foi conduzida à sede da PF em Palmas, onde permaneceu por um dia.

Dois anos depois, em novembro de 2012, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu, por unanimidade, aposentar compulsoriamente a desembargadora, atribuindo-lhe “conduta incompatível com o exercício de suas funções”. A decisão marcou o fim de sua carreira ativa na magistratura.

Willamara contesta as acusações: “Jamais vendi sentença. Nunca tive contato com credores de precatórios. Todas as medidas que adotei seguiram a Resolução 115 do CNJ e tiveram parecer favorável do Ministério Público.”

No âmbito criminal, Willamara chegou a ser condenada a cinco anos e dez meses de prisão em regime semiaberto, por peculato e porte ilegal de arma. Em 2018, o TJ reduziu a pena para dois anos e oito meses, declarando-a extinta. O processo, no entanto, continua em tramitação no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

“Desde o primeiro momento em que fui acusada, luto desesperadamente para provar minha inocência. Vivo em uma situação kafkiana: mesmo sem provas, continuo alvo do processo.”

Em meio ao impasse judicial, a desembargadora escreveu o livro Biografia Interrompida – testemunho de uma luta incansável, no qual relata desde sua trajetória de vida até a queda na magistratura. “O objetivo é restabelecer a verdade e mostrar como interesses políticos interferiram na minha vida.”

Defesa

O advogado Alexandre Satyro, que representa a ex-desembargadora, afirmou ao Estadão que a acusação de venda de sentenças não se sustenta e que novas provas reforçam a inocência da cliente.

“A decisão de suspensão dos precatórios foi geral e abstrata, amparada pela Resolução 115/2010 do CNJ e com parecer favorável do Ministério Público. Não houve qualquer enriquecimento ilícito ou movimentação incompatível com a renda da desembargadora”, disse.

Segundo o defensor, “a defesa confia na efetivação da justiça e aguarda decisão absolutória”.

Willamara afirma que mantém viva a esperança de ser reintegrada: “Desde 2010 minhas roupas de magistrada estão guardadas. Espero ansiosa pelo dia em que a justiça será feita e eu poderei concluir a missão que Deus me deu.”

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins