R$ 2,5 milhões anual

Há 36 anos no cargo, Leomar Quintanilha tem um dos maiores salários do Brasil dentre dirigentes de futebol; Assunto gera repercussão

Aumento salarial se deu após a reeleição de Ednaldo Rodrigues na presidência da CBF

Leomar Quintanilha é reeleito para um novo mandato à frente da FTF — Foto: Vilma Nascimento/GloboEsporte.com
Leomar Quintanilha é reeleito para um novo mandato à frente da FTF — Foto: Vilma Nascimento/GloboEsporte.com

O futebol tocantinense entrou em ebulição esta semana após a divulgação do novo salário do presidente da Federação Tocantinense de Futebol (FTF), Leomar Quintanilha, que há 36 anos ocupa o comando da entidade. O valor mensal, agora em R$ 215 mil, chamou atenção não apenas pela cifra milionária anual – que ultrapassa os R$ 2,5 milhões –, mas pelo contraste gritante com a realidade financeira dos clubes locais.

A repercussão foi imediata entre torcedores, jogadores, jornalistas e até políticos. O tema virou pauta em redes sociais, programas esportivos e sites jornalísticos. A indignação se intensificou após o fim do Campeonato Tocantinense de 2025, no qual o União de Araguaína sagrou-se campeão estadual sem receber nenhum valor de premiação da federação.

Enquanto clubes como Capital, Araguaína, Tocantinópolis e Batalhão lutam para pagar folhas salariais e manter suas estruturas funcionando, o presidente da federação acumula uma remuneração comparável a de executivos de grandes empresas. “Com R$ 215 mil por mês, é possível bancar dois ou três clubes durante todo o campeonato, com transporte, alimentação e hospedagem”, pontuou um comentarista esportivo.

Como Quintanilha chegou a esse valor?

O aumento salarial se deu após a reeleição de Ednaldo Rodrigues na presidência da CBF, que uniformizou o salário dos presidentes das federações estaduais para R$ 215 mil mensais. A decisão levantou suspeitas e críticas sobre a política de manutenção no poder e os interesses por trás dos votos das federações. Leomar Quintanilha apoiou a recondução de Rodrigues, que foi eleito por unanimidade com apoio das séries A e B e das 27 federações estaduais.

A revista Piauí publicou recentemente uma matéria investigativa denunciando os gastos milionários da CBF e os acordos feitos para garantir fidelidade política entre dirigentes estaduais. Leomar já foi alvo de investigações por corrupção, conforme revelado por veículos locais, e segue como um dos mais longevos e bem-remunerados dirigentes do futebol brasileiro.

Realidade dos clubes

Uma reportagem da TV Jovem mostra que, enquanto o alto escalão do futebol local vive na bonança, os clubes enfrentam uma dura realidade. Estima-se que cada time tenha gasto entre R$ 100 mil e R$ 150 mil somente com logística durante o estadual, sem qualquer subsídio da FTF. Jogadores recebem, em média, salários entre R$ 1.500 e R$ 10 mil, dependendo da equipe – um abismo em relação ao vencimento de Leomar.

Durante o último fim de semana, o estádio Mirandão esteve lotado para a final entre União e Araguaína. O evento demonstrou a força do futebol regional e o amor do torcedor, mas também revelou o abandono financeiro dos clubes por parte da federação. “O que me deixa mais indignado é saber que um time campeão sai de campo sem premiação enquanto o presidente embolsa R$ 215 mil por mês”, comentou um torcedor revoltado nas redes.

Críticas à perpetuação no poder

Além da questão financeira, a permanência de Leomar no cargo por mais de três décadas também foi alvo de críticas. “Sempre ele, sempre ele, nunca muda. Por que será que nunca tem outra candidatura?”, questionou um comentarista esportivo. “O futebol do Tocantins está há anos estagnado, sem calendário, sem visibilidade. E o presidente continua no poder, ganhando salários milionários, enquanto os clubes e atletas ficam esquecidos.”

O que diz a FTF

Nota de Esclarecimento

A Federação Tocantinense de Futebol (FTF), vem a público esclarecer informações equivocadas divulgadas em matéria da Revista Piauí. Entre outras alegações, a publicação afirma que os presidentes das federações estaduais recebem salário mensal de R$ 215.000,00. Essa informação não é verdadeira.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), ciente da gravidade da divulgação de dados inverídicos, já está tomando as medidas cabíveis para a restauração da verdade.

A FTF tem se dedicado de forma permanente à promoção e estímulo da prática do futebol no Estado do Tocantins, abrangendo diversas categorias e ambos os gêneros, organizando e realizando competições oficiais. Também atua na estruturação e formação de árbitros, além de manter ativa a Seleção de Ouro – composta por jovens talentos tocantinenses nas categorias de base.

As receitas da FTF provêm, principalmente, das taxas de registros de atletas e clubes, além de uma pequena porcentagem (10%) das bilheterias dos jogos no estadual. Essas receitas são complementadas por repasses da CBF, com o objetivo de custear as atividades administrativas e operacionais da entidade, sem margem para premiações em dinheiro.

O regulamento específico da competição é bem claro quanto à premiação que será oferecida, e os clubes participam por livre e espontânea vontade.

A FTF, por meio de seu trabalho e articulação, conquistou junto à CBF duas vagas para os representantes do Tocantins nos eventos nacionais como Copa do Brasil e Brasileiro da Série D: uma para o campeão e outra para o vice-campeão estadual. As cotas destinadas a essas competições são bastante expressivas, o que torna essa conquista um marco importante para o fortalecimento e valorização do futebol tocantinense.

Esclarecemos ainda que a FTF não conta com patrocinadores, não utiliza recursos públicos e não remunera o seu presidente. As contas da entidade são auditadas, publicadas regularmente e estão disponíveis para consulta pública por qualquer interessado.

A FTF informa ainda que sua assessoria jurídica está atenta à repercussão do caso e tomará as medidas cabíveis contra qualquer pessoa física ou jurídica que atentar contra a imagem da entidade.

Palmas (TO), 10 de abril de 2025

Federação Tocantinense de Futebol – FTF