MPF quer colaboração de indígenas em caso Harenaki Javaé: “Não podemos deixar impune”

O procurador da República no Tocantins, Álvaro Manzano, gravou um vídeo dirigido às comunidades indígenas do estado, especialmente aos moradores das aldeias Canuanã, São João e Txuiri, após o brutal assassinato de Harenaki Javaé, de 18 anos. A jovem, que tinha deficiência intelectual e estava no início de uma gestação, foi encontrada morta no último sábado, 6, na aldeia Canuanã, em Formoso do Araguaia, com o corpo cortado e parcialmente carbonizado.

No vídeo, Manzano afirmou que o Ministério Público Federal (MPF) reuniu órgãos de segurança para discutir medidas de responsabilização e destacou que a colaboração da comunidade é essencial para o avanço das investigações.

“Só poderemos obter as informações necessárias para que os culpados sejam efetivamente punidos se tivermos a colaboração de quem teve conhecimento, quem viu os fatos e pode apresentar denúncias”, declarou.

O procurador assegurou que medidas de proteção serão adotadas para preservar a identidade dos denunciantes. “Podemos utilizar ferramentas para que essas pessoas não sofram qualquer tipo de represálias”, explicou.

Ele ainda orientou que denúncias podem ser feitas diretamente à Polícia Civil, à Funai ou ao próprio MPF. “Estou à disposição de todos para que possamos encaminhar as investigações sobre esse fato”, reforçou.

Para Manzano, a morte de Harenaki expõe mais uma vez a vulnerabilidade das mulheres indígenas. “É lamentável que mais uma vez uma mulher indígena tenha sofrido uma violência tão grave. Não podemos deixar esse fato passar impune.”

Entenda o caso

O assassinato de Harenaki gerou forte repercussão estadual e nacional. A jovem foi encontrada com sinais de violência sexual, próximo à Aldeia Canuanã, durante um festejo.

A Funai, a Articulação dos Povos Indígenas do Tocantins (ARPIT), a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, a Secretaria da Segurança Pública do Tocantins (SSP) e a Prefeitura de Formoso do Araguaia repudiaram o crime e cobraram mais proteção às comunidades tradicionais e às mulheres em situação de vulnerabilidade.

A SSP informou que, devido ao sigilo do inquérito, não pode divulgar detalhes sobre diligências em andamento ou possíveis suspeitos.

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins