No Palácio, Laurez diz querer saber situação geral do Estado, promete continuar obras, manter cautela e não tomar “medidas instantâneas”

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (3) a segunda fase da “Operação Fames-19”, com o objetivo de aprofundar as investigações que apuram um suposto esquema de desvio de dinheiro na compra de cestas básicas pelo Governo do Tocantins durante a pandemia de Covid-19.

Por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o chefe do Executivo estadual, Wanderlei Barbosa, foi afastado do cargo por 180 dias, mas ele vai recorrer.

O vice Laurez Moreira assume como governador interino e, em entrevista ao vivo, falou sobre assumir o cargo temporariamente. Ele assume o cargo dias após se filiar ao PSD, partido do opositor Irajá.

“Minha prioridade é ver a necessidade do Estado, tenho que ter um levantamento geral para dar sequência, e com muita responsabilidade que assumo sabendo dos cuidados que temos que ter nesse primeiro momento”, disse .

“Encaro com tristeza (o afastamento), conheço o nosso Estado que tem tudo para ser referência nacional e infelizmente, quando se fala do Tocantins, o primeiro pensamento são os fatos negativos, tenho consciência da responsabilidade do momento que estamos vivendo”, disse.

Sobre mudanças, ele afirmou: “Primeiro ver a situação de cada secretaria e pasta e ver quem quer continuar colaborando com o governo”, disse.

Ele falou ainda sobre os projetos que já estão em andamento e fornecedores. “É dever do gestor terminar as obras”, disse ao citar que sua prioridade é terminar as obras.

Ele disse que esteve com o ministro Mauro Campbell pessoalmente, mas que não falou ainda com o governador afastado Wanderlei.

Laurez falou ainda sobre os trâmites, já que o afastamento passará pela corte especial do STJ. “Eu já estou de posse do cargo”, disse.

“Sempre trabalhei planejamento e pensando a longo prazo e não tomando medidas instantâneas, as coisas têm que ser feitas com muita cautela”, garantiu.

Laurez disse que quer ouvir todas as pessoas que têm boas sugestões. “Qualquer tempo que eu ficar no governo será deixando um bom legado para a sociedade tocantinense”, disse.

Laurez afirmou ainda que a prioridade número um é saber a situação do Estado.

Ao lado dele estavam os deputados Gutierres Torquato e Dr Danilo. “Tenho que ter a situação geral do Estado”, disse.

A operação Fames-19 investiga suposto desvio de dinheiro voltado ao enfrentamento da Covid-19, ainda durante a pandemia, incluindo verbas parlamentares destinadas à aquisição de cestas básicas.

Duzentos policiais federais cumprem 51 mandados no Tocantins, Distrito Federal, na Paraíba e no Maranhão. O prejuízo estimado pela PF é de R$ 71 milhões.

A defesa de Wanderlei

A defesa do governador se manifestou por nota. Veja a íntegra da nota:

Nota Oficial

Recebo a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) com respeito às instituições, mas registro que se trata de medida precipitada, adotada quando as apurações da Operação Fames-19 ainda estão em andamento, sem conclusão definitiva sobre qualquer responsabilidade da minha parte. É importante ressaltar que o pagamento das cestas básicas, objeto da investigação, ocorreu entre 2020 e 2021, ainda na gestão anterior, quando eu exercia o cargo de vice-governador e não era ordenador de despesa.

Reforço que, por minha determinação, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e a Controladoria-Geral do Estado (CGE) instauraram auditoria sobre os contratos mencionados e encaminharam integralmente as informações às autoridades competentes.

Além dessa providência já em curso, acionarei os meios jurídicos necessários para reassumir o cargo de Governador do Tocantins, comprovar a legalidade dos meus atos e enfrentar essa injustiça, assegurando a estabilidade do Estado e a continuidade dos serviços à população.

Governador Wanderlei Barbosa (Republicanos)