Ao lado de milhares de romeiros e da primeira-dama, o governador Wanderlei Barbosa celebrou a festividade, reforçando a importância da valorização cultural - Foto: Adilvan Nogueira
Ao lado de milhares de romeiros e da primeira-dama, o governador Wanderlei Barbosa celebrou a festividade, reforçando a importância da valorização cultural - Foto: Adilvan Nogueira

Afastado por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) em busca de um habeas corpus para reassumir o cargo. O pedido foi protocolado na quinta-feira, 4, e distribuído ao ministro Edson Fachin na tarde desta segunda-feira, 8. Ainda não há prazo definido para análise.

Wanderlei e a primeira-dama, Karynne Sotero, foram afastados por 180 dias no âmbito da 2ª fase da Operação Fames-19, da Polícia Federal, que investiga suposto esquema de desvio de recursos públicos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19.

Em nota, o governador classificou a medida como “precipitada”, argumentando que os fatos apurados ocorreram em 2020 e 2021, na gestão de Mauro Carlesse (Agir), quando ele exercia o cargo de vice-governador. “Não era ordenador de despesas”, destacou. A primeira-dama também afirmou confiar na comprovação de sua “total ausência de participação nos fatos”.

Argumentos da defesa

No pedido de habeas corpus, a defesa de Wanderlei Barbosa sustenta que não houve corrupção sistêmica e que não existe prova que justifique o afastamento. Os advogados também ressaltam que os atos investigados remetem ao governo Carlesse e afirmam que a gestão atual apresenta “bons indicadores de crescimento econômico”.

O que diz a investigação

De acordo com a Polícia Federal, há indícios de crimes como peculato, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, fraude em licitações e organização criminosa. A apuração aponta que contratos que somam mais de R$ 97 milhões foram firmados para fornecimento de cestas básicas e frangos congelados, com prejuízo estimado em mais de R$ 73 milhões aos cofres públicos.

A investigação também apura se parte dos valores foi utilizada para a construção de uma pousada de luxo em Taquaruçu, em nome de um dos filhos de Wanderlei. Outro ponto em apuração é o suposto envolvimento do ex-marido da primeira-dama, apontado como lobista no esquema.

Desdobramentos

Com o afastamento de Wanderlei, quem assumiu o governo foi o vice, Laurez Moreira (PSD). Além do governador e da primeira-dama, nomes de dez deputados estaduais aparecem na investigação.

Na primeira fase da operação, em agosto de 2024, a Polícia Federal encontrou R$ 67,7 mil em espécie, além de dólares e euros, durante buscas na casa e no gabinete de Wanderlei.

A Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas) informou que tem colaborado com as investigações, enquanto a defesa do ex-governador Mauro Carlesse negou qualquer envolvimento do político no esquema.

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins