O Tocantins Não se Ganha na Tela: O Chamado das Ruas e o Peso do Concreto para 2026

Por Maju Cotrim

Editora-Chefe da Gazeta

O calendário vira e o horizonte político de 2026 deixa de ser uma miragem distante para se tornar uma realidade imponente no Tocantins. Enquanto as peças se movem no tabuleiro pré-eleitoral para a disputa do Palácio Araguaia, é imperativo que nós, da Gazeta, façamos uma leitura que vá além da espuma das redes sociais e mergulhe nas profundezas do que realmente move o eleitorado tocantinense.

Vivemos a era da hiperconexão, dos algoritmos que prometem entregar o eleitor na bandeja e das campanhas desenhadas em planilhas de big data. No entanto, o erro capital para qualquer pré-candidato que almeja governar este estado, com sua vastidão territorial e suas complexidades regionais, é acreditar que a eleição se resolverá na frieza de uma tela de smartphone.

Há um desafio latente, quase um grito abafado vindo das bases, que exige um retorno ao “analógico” da política: o contato direto, visceral, olho no olho. O Tocantins é um estado de calor humano, onde a confiança se constrói no aperto de mão firme e na sola de sapato gasta nas feiras, nas praças e nas estradas vicinais do Bico do Papagaio ao Sul do estado. Subestimar a inteligência do eleitor de que ele não percebe a diferença entre um post patrocinado e uma presença genuína é o primeiro passo para a derrota.

Mas a presença física, por si só, não basta. Entramos no segundo pilar crucial para 2026: a força política e a capacidade de articulação. A política tocantinense não é para lobos solitários. A capilaridade necessária para vencer uma eleição majoritária aqui depende de uma teia complexa de alianças que envolve prefeitos, vereadores e lideranças comunitárias. São eles os porteiros da vontade popular em cada município. O pré-candidato que não tiver a habilidade de costurar esses apoios, de construir pontes em vez de muros dentro da própria classe política, chegará à campanha sem exército.

E o que esse exército deve apresentar? Aqui reside, talvez, o ponto mais crítico e analítico deste cenário. O eleitor está cansado de promessas gasosas. A tendência política mais forte para 2026 não é ideológica, é pragmática. É a política do “me mostre o que você fez”.

O sucesso na disputa pelo governo passará, inevitavelmente, pela capacidade dos pré-candidatos de apontarem para legados tangíveis. Não se trata de discursos grandiloquentes sobre o futuro, mas de apontar para o posto de saúde que funciona em Araguaína, a estrada asfaltada que escoa a produção em Gurupi, a escola reformada no Jalapão. O eleitor quer ver o mandato pretérito — seja ele de deputado, senador ou prefeito — materializado em melhoria de vida na sua esquina. Quem não tiver “concreto” para mostrar, terá dificuldades em vender “projetos”.

O desafio para os postulantes ao governo do Tocantins, portanto, é multifacetado. Eles precisam equilibrar a modernidade das novas ferramentas de comunicação com a tradição da política de chão de terra. Precisam entender que a aproximação com o eleitor hoje exige uma escuta ativa, não apenas um megafone ligado. O eleitor quer ser ouvido em suas angústias locais, não apenas ser alvo de propaganda massificada.

A disputa de 2026 será implacável com os amadores e com os “candidatos de laboratório”. O Tocantins exige autenticidade, força de articulação e, acima de tudo, serviço prestado. Quem entender que o caminho para o Palácio Araguaia é pavimentado com suor, saliva e resultados práticos, largará na frente. Aos que apostarem apenas no marketing digital, restará a dura lição de que, na política real, o “like” não se traduz automaticamente em voto na urna.