Audiência será realizada na Câmara de Palmas, na segunda-feira, 18 - Foto - Ascom
Câmara de Palmas - Foto - Ascom

Durante a sessão desta quinta-feira, 13, a Câmara de Vereadores de Palmas aprovou a Medida Provisória 07/2025, que altera a forma de execução da alimentação escolar no município. A votação foi apertada: 17 votos a favor e 2 contra. Os votos contrários foram do Coletivo SOMOS (PT) e do vereador Carlos Amastha (PSB), que defenderam a descentralização e a autonomia das escolas, além do apoio aos agricultores familiares.

O vereador Folha afirma que a MP chega em um momento em que o município precisava “fazer adequações” para corrigir diferenças significativas na qualidade da merenda entre as escolas.

Segundo ele, visitou mais de 50 unidades recentemente, conversado com diretores e alunos, e constatado melhora geral na qualidade dos alimentos após a centralização. “Quando você trata todo mundo de forma igual, com qualidade, nós só temos que aplaudir.”

O vereador ainda negou que a MP prejudique os pequenos produtores. Para ele, os 30% obrigatórios da agricultura familiar seguem garantidos, e as empresas contratadas continuam comprando do cinturão verde da Capital.

A vereadora Thamires Lima, do Coletivo SOMOS, justificou seu voto contrário com um discurso contundente durante a sessão: “Eu quero que fique registrado em ata meu voto contrário a MP07, pois sou a favor da autonomia das escolas e também do comprometimento da palavra com os pequenos produtores. A gestão não está cumprindo a palavra com os pequenos produtores e também as escolas precisam de autonomia. Então, pela educação e pelos pequenos produtores, meu voto é não pela MP07.”

A MP 07 modifica duas leis municipais: a Lei nº 1.210/2003, que trata da alimentação escolar, e aLei nº 1.256/2003, do Programa Escola Autônoma. Com a medida, a Secretaria Municipal deEducação (Semed) passa a deter três formas de execução da merenda escolar:

  • Execução direta: repasse de recursos às Associações Comunidade Escola (ACE), para quecada unidade adquira diretamente sua alimentação;
  • Execução centralizada: aquisição e distribuição dos alimentos feitas diretamente pela Semed;
  • Execução terceirizada: contratação de empresas especializadas para preparar e fornecer asrefeições.

A controvérsia ganhou força após uma compra emergencial de R$ 33 milhões realizada nestemês junto a empresas de fora do Tocantins. Representantes da agricultura familiar afirmam que, desde o segundo semestre, não vendem mais para as escolas municipais e denunciam o nãocumprimento da Lei Federal nº 11.947/2009, que exige aplicação mínima de 30% dos recursosem produtos da agricultura familiar.

O contrato emergencial, válido por 90 dias, quase dobrou o orçamento previsto para alimentação escolar em 2025, que era de R$ 19 milhões. A medida gerou uma reunião tensa com agricultores, secretários e vereadores na sede da Semed e desenhou um cenário de crise política que segue sendo debatido nas instâncias do Legislativo municipal.

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins