Audiência será realizada na Câmara de Palmas, na segunda-feira, 18 - Foto - Ascom
Câmara de Palmas - Foto - Ascom

O cenário político de Palmas ganhou novos capítulos após o Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO) negar seguimento ao mandado de segurança apresentado por Raimundo Nonato, o Nonatão, que tentava derrubar uma liminar e retomar a retotalização dos votos da eleição municipal de 2024. A decisão, publicada na noite de quarta-feira, 19, mantém na Câmara o vereador Juarez Rigol (PL), cuja vaga foi alvo direto das manobras jurídicas do ex-candidato.

A disputa envolve a sentença que anulou todos os votos do PSD no pleito por suposta candidatura fictícia, decisão que beneficiaria diretamente Nonatão, permitindo sua entrada “no tapetão”, como aponta a defesa de Rigol. O processo, entretanto, passou a ser investigado por possível conluio envolvendo o autor da ação, o partido e as candidatas acusadas de fraude.

Na manifestação enviada ao TRE, o advogado Paulo Mello, que representa Juarez Rigol, sustenta que a liminar concedida em 1ª instância deve permanecer ativa até que seja julgada a ação anulatória que apura irregularidades no processo movido por Nonatão.

“Se a apuração do conluio for confirmada, a sentença que anulou os votos do PSD será anulada. Ou seja, a decisão não existiria e não faria sentido modificar a composição da Câmara agora”, explicou Mello.

Segundo ele, a manutenção da liminar evita um vaivém institucional:

“Se derrubarem a liminar hoje, Nonatão assume. E, se mais adiante a ação anulatória for julgada procedente, ele terá de sair para Juarez voltar. Isso causa insegurança jurídica.”

O TRE concordou com a argumentação e negou seguimento ao mandado de segurança de Nonatão, mantendo tudo como está.

Iolanda não perde mandato

Mello também esclarece que, independentemente do desfecho final, a vereadora Iolanda Castro não perderá seu mandato.

Segundo a legislação eleitoral, caso o PSD realmente tivesse seus votos anulados e nova retotalização fosse feita, a vaga seria do “Léo da Saúde”, mas ele não atinge o percentual mínimo de 20% do quociente eleitoral. Por isso, a cadeira permanece com Iolanda.

Erro processual e fragilidade da ação levantam suspeitas

A defesa de Rigol aponta uma série de indícios de fragilidade e possíveis irregularidades na ação ajuizada por Nonatão, que anulou os votos do PSD:

  • Nonatão não incluiu o antigo presidente estadual do PSD, Irajá, mesmo sabendo que ele poderia ser declarado inelegível.
  • Os advogados do partido e das candidatas investigadas não fizeram perguntas às testemunhas.
  • As alegações finais do PSD têm apenas uma linha, sem qualquer argumentação jurídica.
  • Após a sentença, houve renúncia ao recurso, deixando o processo transitar sem contestação.

Esses elementos, segundo Mello, apontam para o possível conluio entre Nonatão, o partido e as candidatas listadas na ação inicial.

Entenda o trâmite

  1. Nonatão entra com ação contra o PSD, alegando candidatura fictícia.
  2. O juiz anula todos os votos do partido.
  3. O partido não recorre e a sentença transita em julgado.
  4. O PL entra com ação anulatória alegando conluio.
  5. A Justiça concede liminar proibindo retotalização até o julgamento dessa nova ação.
  6. Nonatão tenta derrubar a liminar via mandado de segurança no TRE.
  7. O TRE nega seguimento, mantendo Juarez Rigol no cargo.
  8. A ação anulatória segue em curso e decidirá se houve fraude no primeiro processo.

Rigol permanece no cargo até decisão final

Com a decisão do TRE, não haverá mudanças imediatas na composição da Câmara de Palmas.

Segundo Mello:

“O correto é aguardar o julgamento da ação que apura o conluio. Se ela for considerada improcedente, aí sim Nonatão assume. Se for procedente, Rigol fica definitivamente.”

O que vem agora

A Justiça Eleitoral ainda irá:

  • Apurar se houve conluio para anular os votos do PSD;
  • Analisar se a sentença original deve ser mantida ou anulada;
  • Decidir se há nova retotalização ou não.

Enquanto isso, Juarez Rigol segue exercendo normalmente seu mandato legislativo.

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins