Dhemis Augusto tinha 35 anos
Dhemis Augusto tinha 35 anos

O Coletivo Somos protocolou nesta quinta-feira, 4, uma denúncia junto ao Ministério Público do Tocantins (MPTO) para que o homicídio de Dhemis Augusto, de 35 anos, seja enquadrado como homicídio qualificado por motivo torpe, considerando o caráter racial do crime. A solicitação inclui o reconhecimento de agravante por discriminação racial, o que tornaria o crime inafiançável e imprescritível.

Segundo o coletivo, a ação busca assegurar que a investigação e o julgamento ocorram de forma justa, transparente e com a gravidade que o caso exige. Dhemis, trabalhador terceirizado de um shopping de Palmas, foi morto no último dia 29 de novembro após advertir um motorista por estacionamento irregular.

Representantes do Coletivo Somos estiveram no Ministério Público acompanhados do secretário municipal de Igualdade Racial, José Eduardo de Azevedo. A porta-voz do grupo, Thamires Lima, destacou a importância de reconhecer que o episódio teve motivação racista:

“Estamos solicitando que seja incluído nas investigações da morte do senhor Dhemis Augusto o cunho racial. O racismo também foi motivo da morte desse jovem trabalhador”, afirmou.

O covereador, José Eduardo Azevedo, reforçou o pedido, criticando a recorrência da tentativa de justificar crimes contra pessoas negras com alegações de surto ou instabilidade emocional:

“Não foi um homicídio por motivos simples. As imagens mostram o cunho racial e desumanizado do tratamento dado a Dhemis. Não há como justificar o injustificável. Uma vida não pode ser ceifada de maneira tão cruel”, declarou.

O crime

De acordo com o boletim de ocorrência, Dhemis Augusto prestava serviços de vigilância em uma empresa terceirizada do shopping. A discussão começou quando o suspeito, identificado como Waldecir José de Lima Júnior, de 40 anos, atingiu uma baliza sinalizadora com sua Range Rover Evoque. Após ser advertido pela vítima, o homem sacou uma arma e disparou contra Dhemis, atingindo-o na região abdominal.

As imagens de segurança confirmam que o suspeito apontou a arma para o rosto do vigia e continuou com ameaças mesmo após o disparo. Waldecir fugiu do local e permanece foragido. O veículo utilizado no crime foi localizado pela polícia na residência do suspeito, no centro de Palmas.

Mobilização por justiça

O caso provocou grande comoção nas redes sociais. Ao divulgar o vídeo do momento em que protocolou a denúncia, o Coletivo Somos afirmou que continuará atuando para garantir justiça por Dhemis, defendendo a inclusão do racismo como elemento central da investigação.

“Seguiremos lutando contra toda forma de racismo e injustiça”, publicou o coletivo nas redes sociais.

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins