Um episódio ocorrido na Praia do Prata, em Palmas, no último domingo, 27, gerou intensa repercussão nas redes sociais e reacendeu discussões sobre o manejo correto de animais silvestres. Um vídeo que circula nas plataformas digitais mostra o momento em que uma arraia, avistada próxima à faixa de areia, é capturada por um homem que finca uma estaca no animal e, em seguida, o descarta em uma lixeira.
A cena, gravada por banhistas, ocorreu em plena luz do dia e rapidamente se espalhou pela internet, dividindo opiniões e levantando questionamentos sobre os limites entre proteção e crueldade.
Testemunhas que estavam na praia relataram surpresa e desconforto diante da atitude. Nas redes sociais, enquanto algumas pessoas defenderam a ação do homem, argumentando que ele impediu possíveis acidentes — já que as arraias possuem ferrão venenoso —, outras classificaram a atitude como brutal e desnecessária.
“Foi cruel e desrespeitoso. O animal poderia ter sido devolvido à água por pessoas capacitadas”, escreveu um internauta. Já outro afirmou: “Ele agiu para proteger as crianças e outras pessoas que estavam ali, foi uma medida de segurança”.
O que dizem os especialistas
Ambientalistas e biólogos alertam que esse tipo de atitude pode configurar crime ambiental. Segundo especialistas, ao avistar uma arraia — ou qualquer outro animal aquático encalhado ou fora de seu habitat —, o procedimento correto é não tocar no animal e acionar imediatamente os órgãos ambientais responsáveis, como o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) ou o Corpo de Bombeiros.
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“Ao tentar manusear um animal silvestre sem conhecimento técnico, a pessoa coloca tanto a si mesma quanto o bicho em risco. No caso das arraias, o ferrão é venenoso e pode causar acidentes graves. Além disso, ferir, matar ou abandonar o animal fora de seu ambiente natural caracteriza maus-tratos e pode ser punido por lei”, explica um técnico do Naturatins ouvido pela reportagem.
Crime ambiental e consequências legais
De acordo com a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), atos que causem sofrimento ou morte a animais silvestres, domésticos ou domesticados são considerados infrações graves, podendo resultar em multa, detenção e outras penalidades administrativas.
O vídeo já teria sido enviado a órgãos de fiscalização ambiental para análise e providências. Caso a conduta seja confirmada como ilegal, o responsável poderá responder criminalmente por maus-tratos contra animal silvestre.
Orientação à população
A orientação das autoridades é clara: ao encontrar animais como arraias, botos, tartarugas ou mesmo serpentes em áreas urbanas, especialmente em praias e rios, é fundamental manter distância, evitar interações e acionar equipes preparadas para o resgate e manejo correto.
“É compreensível o receio das pessoas, mas qualquer ação precipitada pode causar mais danos do que proteção”, conclui o especialista.
