A rápida e surpreendente desistência do vereador de Araguaína Enoque Neto Rocha de Souza (Republicanos) da vice-presidência do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-TO) repercutiu no meio político tocantinense na última semana. Nomeado oficialmente no Diário Oficial do Estado na segunda-feira, 28, Enoque teve sua nomeação declarada insubsistente apenas 24 horas depois, em um episódio que simboliza a instabilidade política e as complexas negociações típicas da composição do governo interino de Laurez Moreira (PSD).
Em nota publicada nas redes sociais, Enoque explicou que optou por permanecer na Câmara Municipal de Araguaína e à frente da presidência da União dos Vereadores do Estado do Tocantins (UVET). A decisão foi tomada após uma “profunda reflexão e análise de prioridades”, ressaltando sua intenção de concentrar esforços nas funções legislativas e de liderança municipal.
A nomeação de Enoque havia sido articulada com apoio do deputado estadual Jorge Frederico (Republicanos), uma movimentação estratégica vista como tentativa do governo Laurez de ampliar sua base política, especialmente junto ao grupo republicano tradicionalmente alinhado ao governador afastado Wanderlei Barbosa. A escolha do vereador de Araguaína sinalizava também um enfraquecimento indireto do núcleo oposicionista dentro do cenário estadual.
Notícias Relacionadas
Apesar do recuo, aliados de Jorge Frederico demonstram continuidade na aproximação política com Laurez Moreira, um exemplo é a indicação do tio do deputado, Jean Glauber Frederico, para a vice-presidência da Agência Tocantinense de Saneamento (ATS).
A desistência de Enoque se insere em um contexto político movimentado no Tocantins, que também conta com outros episódios recentes de recusa a convites para cargos no governo, como aconteceu com o vice-prefeito de Paraíso do Tocantins, Ubiratan Carvalho (PL). Bira, como é conhecido, rejeitou o convite para assumir a Secretaria de Turismo, pasta que chefiou anteriormente na gestão de Wanderlei Barbosa, com apoio do senador Eduardo Gomes (PL).
O incidente envolvendo Enoque Neto reflete a disputa de forças dentro do governo interino, onde negociações para consolidar apoios e equilibrar alianças continuam em aberto, e onde algumas decisões podem ser revistas em pouco tempo diante das complexidades políticas regionais.
