Sindicato sai em defesa de professor indígena concursado que teme exoneração

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado do Tocantins (Sintet), por meio da Regional de Palmas e sob a liderança da presidenta Rose Marques, vem a público manifestar total repúdio diante da ameaça de exoneração do professor indígena concursado Wagner Katamy Ribeiro da Silva Krahô Kanela. Trata-se de um servidor exemplar, que já representou o Tocantins em eventos internacionais e é reconhecido por sua atuação dentro e fora de sua comunidade.

Segundo o Sintet, o caso evidencia as históricas dificuldades enfrentadas por professores indígenas para se integrarem plenamente à rede estadual de ensino, expondo uma postura excludente por parte do Estado ao lidar com especificidades culturais. O sindicato alerta que a ameaça de exoneração de Wagner Katamy é não apenas injusta, mas um ataque simbólico à luta da educação indígena.

“Nós, do Sintet, reafirmamos nosso compromisso com a defesa dos profissionais da educação indígena. O professor Wagner é um exemplo de dedicação, conhecimento e respeito às tradições do seu povo. Penalizá-lo é penalizar toda uma comunidade que luta por reconhecimento”, declarou a presidenta Rose Marques.

Defesa jurídica e compromisso com a justiça

Diante da gravidade do caso, o corpo jurídico do Sintet Regional de Palmas atua de forma intensiva na elaboração da defesa administrativa do professor. O sindicato afirma que não houve má-fé por parte de Wagner Katamy e que todas as ausências apontadas no estágio probatório têm justificativas amparadas em documentação e na própria missão do educador enquanto cacique e referência cultural.

De acordo com o Sintet, as ausências ocorreram por motivos diretamente ligados ao exercício de sua função:

  • Dificuldades estruturais e administrativas da SEDUC em viabilizar sua lotação na aldeia Catamyé, local de sua origem e atuação cultural;
  • Participação em eventos institucionais promovidos pela própria Secretaria de Educação e outras entidades públicas;
  • Representação oficial do Tocantins em missões internacionais, nas quais atuou como embaixador da cultura indígena.

O sindicato reitera que o professor Wagner sempre agiu de boa-fé, mantendo os compromissos pedagógicos com sua comunidade e promovendo uma educação fundamentada nos valores e saberes indígenas.

Crítica às políticas públicas e apelo por respeito à diversidade

O Sintet denuncia que a ameaça de exoneração é reflexo de uma política pública que ignora a realidade dos povos originários. Para a entidade, a falta de sensibilidade e estrutura para lidar com as especificidades dos educadores indígenas é uma falha grave que precisa ser urgentemente corrigida.

“A atuação da nossa equipe jurídica é firme porque entendemos que o caso do professor Wagner não é isolado. Trata-se de um exemplo das barreiras que os professores indígenas enfrentam todos os dias para exercer seu ofício com dignidade. Exonerá-lo seria um retrocesso inaceitável”, destacou Rose Marques.

Compromisso com a luta indígena

O Sintet reafirma sua missão de defender os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras da educação, especialmente dos povos indígenas, exigindo:

  • A permanência do professor Wagner Katamy no serviço público;
  • A análise humanizada e respeitosa do caso, considerando sua realidade cultural;
  • A construção de políticas públicas que garantam a inclusão e valorização da educação indígena;
  • A ampliação do debate sobre a permanência de professores indígenas em suas comunidades, com lotações que respeitem o vínculo territorial e cultural.

Por fim, o Sintet lembra que sua atuação vai além da defesa legal: é uma luta política, social e cultural por justiça e equidade. O sindicato se posiciona como uma entidade ativa e combativa, que não medirá esforços para garantir que a voz dos povos originários seja ouvida, respeitada e valorizada em todos os espaços de poder.

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins